Encham os cacilheiros, nasceu o novo oásis

A margem sul do Tejo morreu. Agora chama-se Lisbon South Bay.

O antigo ministro da Economia Manuel Pinho a meias com o Turismo do Algarve inventou o Allgarve. Uma coisa assim para o fino, morta por este Governo em 2012. Nunca foi revelado o total gasto com o programa que durou cerca de cinco anos, mas, por altura da sua missa de finados, Elidérico Viegas, presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, calculava os custos entre os oito e dez milhões de euros. Para pouco serviu a iniciativa que queria promover o Sul do país no mundo.

Dentro do género Allgarve, chegou-nos esta quinta-feira mais uma “boa” notícia. Meus amigos, a margem Sul do Tejo morreu. O “deserto”, como lhe chamava o antigo ministro socialista Mário Lino, foi-se. Acabou. Desde quinta-feira já ninguém vai para a margem Sul. Agora vai-se para a Lisbon South Bay.

Este é o novo nome adoptado para os territórios da margem sul, geridos pela Baía do Tejo empresa pública do universo Parpública, e integrados no Arco Ribeirinho Sul (Almada, Seixal e Barreiro).

A Lisbon South Bay não apareceu por acaso. Não. Os mentores da coisa garantem que ela resulta de um estudo de marketing em que foram realizadas mais de mil entrevistas, a entidades e pessoas da região, e tem como objectivo, facilitar a promoção internacional dos parques industriais do Barreiro e Seixal, e a Cidade da Água projectada para os terrenos da antiga Margueira, em Almada.

Não tenho dúvidas que tudo vai mudar na Lisbon South Bay. Vai ser um arraso. Vão nascer empresas como cogumelos. Os turistas vão chegar aos magotes. Vai chover dinheiro. Acredito até que transformará Portugal na locomotiva económica da Europa.

Que grande ideia. Quem se lembrou disto pensa grande. Estava na cara que a designação Margem Sul não nos levava a lado nenhum. Lisbon South Bay é outra fruta.

A opção por uma designação em língua inglesa foi justificada com a necessidade de um “posicionamento global” da estratégia que pretende “construir uma região de referência à escala internacional” e “atrair investimento e emprego”.

Pois claro. É como diz o autarca do Seixal, Joaquim Santos: vai ser um “oásis para investimento”. Tarda nada e o Seixal será cotado em bolsa e em Londres. Almada será a principal praça financeira do país e para o Barreiro o céu é o limite.

Está em curso uma revolução. E até pode começar na área da restauração. Nas montras de restaurantes, pastelarias, tascas e outros estabelecimentos similares vão ser colocados cartazes a anunciar: “hoje há caracóis South Bay”. O bitoque vai à vida. Agora passará a chamar-se double-tap with horseback egg. Setúbal perderá a paternidade do choco frito. Fried cuttlefish Delicatessen é o novo petisco que fará as delícias de turistas e investidores.
 
Encham-se os cacilheiros. Lisbon South Bay, o novo oásis, é já ali, do outro lado do rio.

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