Cedências das duas partes ainda insuficientes para um acordo para a Grécia

Eurogrupo suspende reunião, com ministros à espera de novas propostas de Atenas que anulem as diferenças que persistem entre as partes.

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Um mural numa rua de Atenas, Grécia REUTERS/Marko Djurica

As intensas reuniões dos dois últimos dias entre a Grécia e as instituições que compõem a troika resultaram numa significativa aproximação entre as duas partes, mas que não foi ainda suficiente para a obtenção do acordo. Já depois das 15h00 desta quinta-feira, os ministros das Finanças suspenderam novamente a reunião do Eurogrupo, à espera de novas propostas de Atenas.

Durante as reuniões que Alexis Tsipras manteve na quarta e quinta-feira com os líderes da Comissão Europeia, FMI e BCE, a troika apresentou a sua resposta à proposta grega. Inicialmente avançava com alterações muito significativas em várias áreas, mas as horas de negociações foram esbatendo as diferença.

No final, um documento preparado pelas instituições da troika mantinha diversas objecções às propostas gregas, como o imposto extraordinário de 12% sobre os lucros das empresas acima de 500 mil euros, a subida do IRC para 29% (aceita só 28%) ou a manutenção do IVA a 13% na hotelaria e restauração, insistindo que Atenas tem de substituir essas medidas por cortes na despesa.

Contudo, a troika também cedeu em algumas posições, aceitando que a eliminação dos suplementos de reformas seja mais progressiva e que o IVA fique abaixo de 23% em mais bens do que inicialmente tinha previsto.

No entanto, as diferenças que persistem – e o facto de não haver ainda um entendimento em relação à questão da reestruturação da dívida – continuam a impedir um acordo.

Por isso, no Eurogrupo, a troika entregou um documento com as suas propostas, mas que não conta com a aprovação grega. Os ministros das Finanças, depois de uma reunião em que avaliaram essa proposta, e a compararam com a proposta grega, suspenderam novamente os trabalhos e esperam agora por novas cedências gregas. 

Há várias indicações de que um novo Eurogrupo poderá ser marcado para o fim-de-semana. O ministros das Finanças da Finlândia, Alexander Stubb, escreveu na sua conta do Twitter que "o Eurogrupo volta mais tarde, mas não hoje", assinalando que o trabalho vai continuar agora do lado das instituições e da Grécia.

Tudo isto acontece ao mesmo tempo que os líderes dos Governos europeus iniciam o Conselho Europeu que decorre em Bruxelas nesta quinta e sexta-feira. A Grécia não faz parte dos temas agendados para este encontro, mas inevitavelmente o tema será debatido entre os responsáveis.

À chegada, as declarações dos líderes dividiram-se entre expressões de esperança e de prudência. A chanceler Angela Merkel afirmou que tinha a impressão de que “a Grécia tinha recuado em alguns temas”. Alexis Tsipras lembrou a história de “desentendimentos, negociações e compromissos” da União Europeia. O presidente do Conselho, Donald Tusk foi o mais optimista, dizendo que tem “um palpite de que a história grega, ao contrário das tragédias de Sófocles, vai ter um final feliz.”

O jornalista viajou a convite da Comissão Europeia

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