Percentagem de negativas a Matemática é ainda muito elevada e preocupa

Presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática considera que resultados das provas do 4.º e 6.º ano devem ser "objecto de reflexão" nas escolas.

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No 6.º ano 45% dos alunos tiveram média negativa no exame ADRIANO MIRANDA

Os resultados dos exames de Matemática do 4.º e 6.º ano mostram que continuam a existir situações “preocupantes, que têm de ser objecto de reflexão por parte dos professores e das escolas”, declarou ao PÚBLICO o presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), Fernando Costa.

“A percentagem de alunos nos níveis 1 e 2 [numa escala de 1 a 5], em ambos os anos, continua a ser muito elevada. No 4.º ano quase um terço dos alunos estão nestes níveis e no 6.º são 45%”, especificou o responsável da SPM. Para Fernando Costa, há resultados “curiosos” que precisam agora de informação mais detalhada para se perceber realmente o que se passou.

Dá como exemplo o registo obtido pelos alunos do 4.º ano nas perguntas relacionadas com o tema Organização e Tratamento de Dados, onde só 43% conseguiram ter positiva, frisando que, em percentagem, os alunos com nível 4 representam 0%, um feito que não se repete em mais nenhum domínio. Para estes resultados, adianta, poderá ter contribuído o facto de neste tema não terem sido avaliados no exame os conteúdos leccionados no  4.º ano.

Foi precisamente nas perguntas que envolviam a interpretação de gráficos que os alunos do 4.º ano pior se saíram no exame realizado em Maio. A classificação neste domínio, chamado de Organização e Tratamento de Dados, foi de 47%. Nos anos anteriores tinha sido de 68% e 83%. Em 2015 só 43% conseguiram ter positiva. Numa nota enviada nesta terça-feira à comunicação social, o Instituto de Avaliação Educativa (Iave), responsável pela elaboração e realização dos exames nacionais, considera que a classificação neste domínio apresenta “um valor anormalmente baixo” e atribui o facto â existência de uma pergunta que teve menos de 10% de respostas certas.<_o3a_p>

No geral, a SPM regista com agrado o facto de “as médias terem, essencialmente, estabilizado”. “Já tínhamos afirmado, no nosso parecer sobre as provas, que os níveis de dificuldade destas era semelhante aos de 2014 e os resultados reflectem isso mesmo”, comentou Fernando Costa.

Já Lurdes Figueiral, da Associação de Professores de Matemática (APM), considera que os resultados das provas divulgados nesta terça-feira “nada dizem de significativo”. No entanto, a APM congratula-se “se alunos e professores sentirem que vêem assim os seus esforços recompensados”, embora insista na “inutilidade destas provas, que só contribuem para a deformação do processo de ensino e para uma forte perturbação nas escolas, na vida de professores, alunos e famílias”, frisou Lurdes Figueiral.  

A presidente da Associação de Professores de Português (APP), Edviges Ferreira, também não se mostra surpreendida com os resultados obtidos nas provas finais da disciplina. “Conforme referimos nos nossos pareceres as provas eram claras e perfeitamente adequadas aos níveis etários a que se dirigiam e por isso já sabíamos que os resultados seriam melhores”, declarou. A APP está convicta de que acontecerá o mesmo com o exame do 9.º ano, realizado nesta segunda-feira. Falta agora o do 12.º ano. Edviges Ferreira tem algo a dizer sobre esta prova: “Só espero que o exame de Português do 12.º ano, que se realiza esta quarta-feira, tenha o mesmo grau de objectividade das provas já realizadas este ano”.


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