Presidente de resort algarvio é o oitavo arguido na Operação Marquês

Diogo Gaspar Ferreira, presidente da empresa que gere o empreendimento de Vale do Lobo, defende que está a ser vítima de uma cabala.

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Diogo Gaspar Ferreira é presidente da Vale do Lobo desde 2007 DR

O caso de justiça que envolve o ex-primeiro-ministro socialista, José Sócrates, ganhou um novo arguido. O presidente da empresa que gere o resort algarvio de Vale do Lobo, Diogo Gaspar Ferreira, também é visado na Operação Marquês, escreve neste sábado o semanário Expresso, que entrevistou o empresário.

Diogo Gaspar Ferreira foi interrogado nesta sexta-feira pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) da Procuradoria-Geral da República. Antes, decidiu dar uma entrevista ao Expresso para “explicar” tudo o que podia explicar, antes que lhe pedissem para respeitar o segredo de justiça.

Na entrevista, o empresário esclarece que se ofereceu para prestar declarações ao DCIAP depois de Vale do Lobo se ter tornado a “abertura de todos os telejornais” e ter passado “a ser o centro do processo de José Sócrates”, naquilo que defende ser “uma cabala que não faz sentido nenhum”.

Vale do Lobo passou a estar ligado ao ex-primeiro-ministro depois de se saber que o Ministério Público (MP) fez buscas no empreendimento turístico no Algarve no âmbito da Operação Marquês, a 7 de Maio, onde esteve o procurador titular do processo, Jorge Rosário Teixeira, o juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal, Carlos Alexandre, inspectores da Autoridade Tributária e agentes da PSP.

Ligada ao caso estará a transferência de dois montantes em 2007 e 2008 para contas de arguidos no processo, segundo o jornal diário Correio da Manhã: um, de 12 milhões de euros, transferidos por Hélder Bataglia, presidente da Escom e accionista da empresa Vale do Lobo; o outro, de dois milhões de euros, feito pelo milionário holandês Jeron van Dooren.

Os montantes foram primeiro depositados na conta de Joaquim Barroca Rodrigues, vice-presidente do Grupo Lena e um dos arguidos na Operação Marquês, e foram depois transferidos para a conta de Carlos Santos Silva, outro arguido neste processo e amigo de José Sócrates, que na tese do MP será o testa-de-ferro do ex-primeiro-ministro no recebimento de avultadas quantias de dinheiro. 

O Expresso explica que van Dooren terá dito que “foi Diogo Gaspar Ferreira quem lhe pediu para transferir dois milhões de euros” para a conta de Joaquim Barroca Rodrigues. Mas o presidente da Vale Lobo diz agora que esse pedido “é inteiramente falso”.

Segundo várias notícias que vieram a público, a ligação deste dinheiro a José Sócrates, a confirmar-se, ter-se-á devido à aprovação do Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve (Protal) durante o primeiro governo socialista liderado pelo então governante, em 2007. Nesta tese, Sócrates terá atrasado a passagem da lei para viabilizar a construção do projecto Vale do Lobo III, um empreendimento que teve um investimento de 500 milhões de euros. De outro modo, o Protal — que proíbe a construção a 500 metros da costa — não iria permitir a existência do novo projecto.  

“Isso é absolutamente falso”, defende Diogo Gaspar Ferreira, que preside à empresa gestora de Vale do Lobo desde 2007. “Quando comprámos Vale do Lobo [em 2006, por um grupo de investidores portugueses com a ajuda da Caixa Geral de Depósitos, que detém 25% do capital], já todos os projectos imobiliários estavam aprovados.”

A discussão pública do Protal só terminou a 30 de Novembro de 2006, já depois da aprovação final do plano de Vale do Lobo III ter sido feita. A aprovação em Conselho de Ministros só aconteceu no ano seguinte.
 

   

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