E por dez milhões vendeu-se a TAP

A TAP vai deixar de ser pública. David Neeleman e Humberto Pedrosa são os senhores que se seguem.

Será que à terceira é de vez? Desde o final da década de 90 que sucessivos governos andam às voltas com a privatização da TAP. Depois de terem falhado as vendas à Swissair e, mais recentemente, ao colombiano Germán Efromovich, o Governo escolheu agora David Neeleman e Humberto Pedrosa para serem os novos donos da TAP.

Prometem injectar 354 milhões de euros no capital da TAP e dão ao Estado dez milhões de euros. Não obstante a dívida astronómica da TAP, é quase arrepiante ver a companhia de bandeira nacional ser vendida por dez milhões de euros. Claro que até ao lavar dos cestos é vindima. A privatização ainda está envolta numa séria de interrogações que poderão comprometer o negócio.

Um dos riscos é Germán Efromovich levar a privatização aos tribunais, já que não é claro que o vencedor não esteja a violar a regra da União que impede investidores não europeus de controlar companhias de aviação do espaço comunitário.

O outro, mais relevante, é político. A mensagem que vem do Largo do Rato não deixa margem para muitas interpretações: “Um governo liderado por António Costa, um governo do PS, tudo fará para que o Estado português continue a manter a maioria do capital social da TAP.” O comprador da TAP terá de viver com esta incerteza até às eleições legislativas de Outubro. É o que dá privatizar uma companhia de bandeira sem ensaiar um mínimo de consenso político.

E, finda a operação, fica a sensação de que o Governo, nem de perto, nem de longe, estudou e esgotou todas as alternativas a uma privatização de 100% da companhia. Não se deu ao trabalho sequer de perguntar a Bruxelas as implicações de injecção de dinheiro público na companhia, nem que fosse para descartar a opção. E nunca explicou por que razão é que o Estado, optando pela privatização, não poderia continuar a ser accionista da TAP, seja maioritário, seja minoritário.

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