Portugal à Frente convida ex-militante do PSD para quota dos independentes

Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do Porto, foi chamado para o núcleo da coligação para condicionar um eventual apoio de Rui Moreira ao PS.

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O empresário Nuno Botelho, actual presidente da Associação Comercial do Porto (ACP) e ex-militante do PSD, vai integrar a comissão política da coligação PSD/CDS na quota dos independentes. Ao que o PÚBLICO apurou, o convite de Nuno Botelho (director de campanha de Rui Moreira) por parte do PSD visa condicionar um eventual apoio do presidente da Câmara do Porto ao secretário-geral do PS e candidato a primeiro-ministro, António Costa, nas eleições legislativas de Outubro.

Nuno Botelho é amigo de longa data do eurodeputado Paulo Rangel e esteve envolvido na campanha interna para a liderança do partido em 2010. O sucessor de Rui Moreira na presidência da Associação Comercial do Porto confirmou ao PÚBLICO ter aceite o convite para integrar a comissão política da coligação. O empresário foi militante do PSD durante cerca de oito anos, mas desfiliou-se do partido em 2013 para ser director de campanha de Rui Moreira quando este foi candidato à presidência da Câmara do Porto. “Fi-lo por coerência. Achei que não fazia sentido estar a apoiar um projecto que não era o do PSD”, justificou. Quanto à perspectiva de vir a integrar a lista de deputados, Nuno Botelho disse não estar preocupado com essa questão, mas não rejeitou a hipótese liminarmente. “Isso é uma questão que não se põe. Não estou preocupado com cargos. Esse não é um problema. Tenho a minha vida estabilizada”, afirmou o gestor da empresa Essência do Vinho.

O antigo braço direito de Rui Moreira na Associação Comercial do Porto diz ter aceite o convite para integrar o núcleo duro da coligação Portugal à Frente por estarem em causa “dois modelos para o país: um que é um retrocesso, e o outro que é ter um Portugal mais moderno e com uma política de emprego que não é assistencialista”. 

Nuno Botelho esteve envolvido na campanha interna de Paulo Rangel para a liderança do partido em 2010. “Sou amigo pessoal de Paulo Rangel, foi meu professor na faculdade, e pediu-me uma ajuda sem qualquer cargo partidário, e eu ajudei no que pude”, justificou.

A outra figura convidada para independente Patrícia Salvação Barreto é membro da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea – Colecção Berardo indicada pelo Estado. O seu mandato como vogal da fundação foi renovado no ano passado, através de um despacho do secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto, e termina em 2017. É investigadora e docente universitária na área do direito aplicável à área da Cultura e Direito do Património. O PÚBLICO tentou contactar a investigadora e docente universitária na área do direito aplicável à Cultura e Direito do Património, mas sem sucesso. 

Os seis independentes vão integrar a comissão política nacional da coligação em que têm assento vice-presidentes, os secretários-gerais e os directores de campanha dos dois partidos. Fonte do PSD disse ao PÚBLICO que os restantes nomes dos independentes que vão colaborar com a coligação só serão divulgados publicamente na altura em que for apresentada a comissão política no seu todo.

Para já, a coligação Portugal à Frente não quer ouvir falar de listas de deputados antes de 15 de Julho, mas há muita gente nervosa por causa das escolhas que as direcções do PSD e do CDS. A coligação só quer discutir listas entre 15 e 31 de Julho. Não mais. “Todos os exercícios relacionados com as listas de deputados são esforços inúteis” declarou fonte do partido, afirmando que o assunto é demasiado delicado e que gera uma grande ansiedade nas pessoas.

Seja como for, na lista da coligação pelo Porto vai haver alguma renovação, que se deve não só à entrada de independentes que os dois partidos querem ver a integrar as listas, mas também devido à circunstância de haver personalidades que, desta vez, podem querer fazer parte da listas. As saídas de Miguel Frasquilho, que deixou o Parlamento para presidir à Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), de Luís Menezes e de Adriano Rafael, nomeado pelo Governo administrador da infra-estruturas de Portugal (que junta a Estradas de Portugal, que integra a administração da Estradas de Portugal e a REFER, obrigam a mexidas nas escolhas para deputados.

José Pedro Aguiar-Branco, actual ministro da Defesa, que na anterior legislatura encabeçou a lista do PSD pelo Porto, deverá permanecer como número um da coligação. Quanto a Teresa Leal Coelho, que foi número dois na lista, ninguém arrisca dizer se vai entrar pela quota do Porto, uma vez que a deputada é vereadora na Câmara de Lisboa.

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