Comissão Europeia defende que as "reformas em Portugal estão a dar resultado"

Valdis Dombrovskis, comissário europeu com a pasta do euro, destaca que Portugal "regressou ao crescimento", embora admita que as pessoas possam "ainda não estar a sentir" a recuperação económica.

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Valdis Dombrovskis

O vice-presidente da Comissão Europeia responsável pelo euro, Valdis Dombrovskis, afirmou nesta terça-feira que "os esforços de reformas que Portugal realizou durante o programa [de ajustamento] têm dado resultado."

"Portugal está certamente a recuperar da crise económica e financeira que tem enfrentado e regressou ao crescimento económico", disse Dombrovskis, em Bruxelas. "Vemos gradualmente a taxa de desemprego a descer, embora se mantenha bastante elevada, e uma redução do défice", acrescentou.

Segundo as últimas previsões económicas da Comissão Europeia, a economia portuguesa deverá crescer 1,6% em 2015, e 1,8% em 2016, sensivelmente o mesmo que a zona euro como um todo.

O comissário falava num encontro com jornalistas portugueses na capital belga, a poucos dias de se assinalar um ano desde que Portugal saiu do programa de assistência económica e financeira. 

Dombrovskis admitiu, no entanto, que os portugueses ainda atravessam tempos difíceis e reconheceu que "há algum desfasamento entre o momento em que se nota uma melhoria nos indicadores macro-económicos e a altura em que as pessoas afirmam que estão a sentir a recuperação nos seus bolsos".

O responsável apontou também alguns riscos que podem constituir entraves para o crescimento em Portugal, nomeadamente o elevado endividamento público e privado e o crédito mal-parado, que estão a impedir os bancos de canalizar crédito para a economia real. Insistiu também que é importante que os aumentos salariais sejam sempre calculados em função das melhorias registadas na produtividade.

Em Fevereiro, quando publicou os relatórios sobre a situação económica dos Estados-membros, a Comissão Europeia colocou Portugal no grupo de países com "desequilíbrios macro-económicos excessivos", juntamente com a Itália, a Bulgária, a França e a Croácia. "Certamente que, se continuar a trabalhar sobre os principais desafios económicos, Portugal irá sair desta situação de desequilíbrios excessivos", garantiu Dombrovskis.

A Comissão europeia vai publicar na quarta-feira as suas propostas de recomendações específicas para todos os Estados-membros, no âmbito do chamado Semestre Europeu, depois de, no final de Abril, os governos nacionais terem submetido a Bruxelas os seus programas nacionais de reformas e de estabilidade e crescimento.

As recomendações da Comissão deverão em seguida ser aprovadas pelo Conselho Europeu em Junho.

"Tempo é curto" para a Grécia

O comissário também foi questionado sobre a situação da Grécia, depois de, na segunda-feira, o Eurogrupo ter concluído os seus trabalhos sem um acordo definitivo, reconhecendo que a situação é "complicada".

Mantendo a sintonia com o comunicado emitido, Dombrovskis lembrou que há "progressos" a assinalar, mas ainda resta muito "caminho a percorrer." "É importante que todas as partes respeitem as suas obrigações, incluindo a Grécia", disse o comissário.

Sobre a possibilidade de a Grécia avançar com um referendo, Dombrovskis afirmou que a Comissão prefere não entrar em especulações do que poderá ser feito pelo Governo grego, mas alertou: "O tempo é muito escasso e, por isso, temos de trabalhar agora muito intensivamente."

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