Temperaturas prometem bater recorde de Maio nesta quarta-feira

Termómetros, que nunca subiram acima de 40 graus, podem chegar aos 41 em Beja.

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O calor destes dias resulta da combinação de dois fenómenos atmosféricos distintos EPA/FERDINAND OSTROP

Se a previsão meteorológica não falhar, o calor vai bater um recorde nesta quarta-feira: pela primeira vez desde que há registos fiáveis, os termómetros vão subir acima dos 40 graus Celsius no país em Maio.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) antecipa que as temperaturas altas já sentidas esta segunda-feira no sul do país vão apertar ainda mais, podendo chegar a um máximo de 41ºC em Beja na quarta-feira.

Ainda há uma dose de incerteza sobre esta previsão. Mas se assim for, será superado o valor máximo de temperatura registado em Maio no país. Dados fornecidos pelo IPMA ao PÚBLICO indicam que o recorde histórico é de 39,5ºC — sentidos na Régua a 28 de Maio de 2001 e também em Elvas a 31 de Maio de 1999. Em Beja, o maior valor no mesmo mês é de 2006: 37,2ºC.

Segundo o meteorologista Manuel Mendes, do IPMA, o calor destes dias resulta da combinação de dois fenómenos atmosféricos distintos. Um deles é um anticiclone — um centro de altas pressões atmosféricas, normalmente associado a bom tempo. Mas não é o dos Açores — aquele que normalmente figura nas descrições do tempo em Portugal —, mas sim um anticiclone estacionado sobre o centro da Europa.

No Hemisfério Norte, a circulação do ar dos anticiclones é no sentido dos ponteiros do relógio. Por isso, o que está a acontecer é que o ar varre toda a Espanha e chega quente a Portugal.

Além disso, há um vale de pressões baixas a sul, que está a canalizar ar quente também do Norte de África. Some-se a isso o céu limpo, praticamente sem nuvens, e o resultado já se fez sentir esta segunda-feira, com temperaturas acima dos 30ºC em boa parte do país, especialmente a sul do Tejo.

Os termómetros vão subir mais, chegando na quarta-feira a 31ºC em Bragança, 32ºC em Lisboa, 34ºC em Santarém e Castelo Branco, 36ºC em Portalegre, 38ºC em Évora e 41ºC em Beja. “Todos os factores estão a contribuir para estes valores”, afirma o meteorologista Manuel Mendes.

Mas ainda não é seguro que o calor chegue mesmo aos 41ºC em Beja. “Há ainda alguma incerteza sobre a posição dos centros de acção”, explica Manuel Mendes.

Depois de quarta-feira, o ar mais frio do Norte vai reduzir bruscamente a temperatura, em cerca de dez graus Celsius. Mas é por pouco tempo, pois no próximo fim-de-semana o calor regressa em força, com 36ºC em Setúbal no domingo, 35ºC em Beja, 34ºC em Lisboa e Santarém e valores também acima dos 30ºC em boa parte do país.

A interrupção entre quinta-feira e sábado vai evitar que esse período todo seja classificado como uma onda de calor — que exige pelo menos seis dias com temperaturas cinco graus ou mais acima da média.

Mas de qualquer forma, tudo indica que poderá ser um princípio de Maio inédito, pelo menos desde a década de 1930, a partir da qual há séries fiáveis de registos meteorológicos para todo o país. “Já houve pelo menos uma sequência de dias com valores assim altos, em 2006, mas foi mais para o final do mês”, afirma Fátima Espírito Santo, climatologista do IPMA.

 

 

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