A Europa “invisível” ajuda Portugal todos os dias, diz Carlos Moedas

Comissário português assinalou nos Jerónimos o Dia da Europa e recusou o “pessimismo natural e circunstancial” que se vive no Velho Continente.

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Enric Vives-Rubio

Apesar de boa parte dos portugueses poder ter sentido o contrário nos últimos (pelo menos) quatro anos, há uma Europa “invisível que nos ajuda todos os dias”, acredita o comissário português Carlos Moedas. “Todos nós sabemos o sacrifício que foi para Portugal, o sacrifício que foi para todos os portugueses, os anos de dificuldades que tivemos, mas um ponto não invalida o outro”, defendeu o antigo secretário de Estado perante os jornalistas no final da sessão comemorativa do Dia da Europa que se assinala este sábado.

“Não escondemos as reformas sucessivas e as desilusões que muitos sentem na Europa”, admitiu o comissário. “Mas nos dias em que celebramos a Europa, temos que considerar aquilo que a Europa faz de positivo. Durante as crises é normal que não vejamos essa parte positiva”, argumentou.

Uma faceta que inclui, por exemplo, os avanços da ciência e um continente quase inteiro “sem fronteiras” como um só país de que as futuras gerações poderão desfrutar, vincou o comissário. Moedas contrariava assim a ideia de que em Portugal se tem sentido fortemente a mão europeia.

Nos claustros do Mosteiro dos Jerónimos, onde a 12 de Junho de 1985 Mário Soares assinou o tratado de adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia, Carlos Moedas discorreu sobre o sucesso do programa Erasmus e das políticas da concorrência e da ciência e investigação (as suas zonas de conforto) para exemplificar o que é a Europa de sucesso.

O comissário citou Herman Van Rompuy, antigo Presidente do Conselho Europeu, para dizer que a União “aperfeiçoou a arte dos compromissos”. De Roger Cohen aproveitou a cada vez mais intrínseca “percepção da identidade europeia”, e relembrou as palavras de Mário Soares sobre o momento da adesão de Portugal como um dos “mais significativos da história contemporânea”.

Questionado sobre se 30 anos depois se concretizou a Europa com que Soares sonhava na altura, Moedas preferiu uma resposta vaga. “A Europa tem tido altos e baixos. Mas a Europa que tínhamos em 1985, em que cada português tinha um rendimento per capita de 9000 euros em preços constantes e hoje tem 15 mil, em que havia 5000 cientistas em Portugal e hoje tem 40 mil, era uma Europa muito diferente. Era uma Europa de que Portugal não fazia parte e, pelo esforço que fez, Portugal conseguiu ser um  país diferente.”

Na breve cerimónia estiveram também os ministros Maria Luís Albuquerque e Luís Marques Guedes, o secretário de Estado Bruno Maçães, alguns actuais e antigos eurodeputados, assim como o antigo comissário António Vitorino. Estava prevista a presença para discursar de Mário Soares, mas o antigo chefe de Estado e do Governo faltou devido a um problema de saúde.

No final, questionado sobre uma eventual incompatibilidade entre as suas funções de comissário e o facto de ter apresentado a biografia de Pedro Passos Coelho, um acto partidário em tempo de pré-campanha, Carlos Moedas recusou tal associação e defendeu que o fez a título “pessoal” por se tratar de uma pessoa que admira e cuja “missão como homem vale a pena conhecer” – “tal como poderia ter feito sobre outras pessoas que conheço noutros quadrantes políticos”, vincou.

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