Inaugurado departamento de psiquiatria que Beja espera há 20 anos

Há mais de 20 anos que os serviços de saúde de Beja lutavam pela criação do departamento de psiquiatria. A realização do sonho custou 3,2 milhões de euros.

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Paulo Macedo: “Temos precisamente de racionalizar para assegurar o essencial”

O ministro da Saúde Paulo de Macedo afirmou esta tarde em Beja que apesar do impacto da crise na saúde mental dos portugueses, tem sido possível “controlar” o número de suicídios, garantindo que “não há oscilações significativas” no aumento desta forma de morte violenta. Em contrapartida o número de internamentos por problemas associados à saúde mental tem aumentado, sobretudo nos jovens.

As declarações de Paulo Macedo foram proferidas durante a inauguração da valência de internamento do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA). O novo equipamento que custou 3,2 milhões de euros e dispõe de 12 camas. Estava pronto desde 2012, mas só iniciou o seu funcionamento no passado dia 27 de Abril, com a admissão do primeiro doente, devido à falta de psiquiatras.

A abertura do novo equipamento foi considerada pelo ministro “um momento importante” fundamentando a sua afirmação no facto do Baixo Alentejo ser a única região do país que não dispunha de internamento em saúde mental, apesar de ter a mais elevada taxa de suicídios. A contradição dá para perceber como “nem sempre” os equipamentos resolvem os problemas de saúde se faltarem os recursos humanos, observou Paulo Macedo.

“Trata-se de um momento muito simbólico e significativo na história da nossa Instituição” destacou Margarida Silveira, presidente do conselho de administração da ULSBA, frisando que há mais de 20 anos que a população do distrito de Beja “ansiava pela melhoria” dos serviços de saúde mental. As anteriores instalações ocupavam dois apartamentos destinados a habitação de reduzidas dimensões e só havia um psiquiatra.

Ao longo dos últimos três anos “fizemos inúmeras diligências para contratar psiquiatras até que conseguimos e neste momento temos 9 especialistas em saúde mental” realçou Margarida Silveira, número que já permite formar três equipas de médicos para atender a população adulta e duas equipas para as crianças e jovens.

Até à entrada em funcionamento do novo serviço, os doentes de Beja eram encaminhados para Lisboa, prestando homenagem ao psiquiatra Paradela de Abreu com 77 anos de idade, o “médico que aguentou sozinho” o tratamento e acompanhamento de crianças e adultos.

No entanto Odemira, o concelho que a nível nacional apresenta mais casos de suicídio deixa “infelizmente” de ser acompanhado a partir de Beja. A valência de saúde mental passa a ser acompanhada pelo hospital do Litoral Alentejano, instalado em Santiago do Cacém, “mas os doentes gostam é de ser tratados nos nossos serviços em Beja” assinala a presidente do conselho de administração da ULSDB.

Miguel Macedo disse ao PÚBLICO que a valência de saúde mental em Odemira estava neste momento a ser analisada pela Administração Regional de Saúde do Alentejo com uma certeza: os doentes “irão para onde forem melhor tratados”, frisando que está a ser instalado nesta unidade de saúde um departamento de psiquiatria.

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