Alto-Comissariado para as Migrações defende política de atracção de imigrantes

Estrangeiros criam cada vez mais postos de trabalho para portugueses. “Aquela ideia de que os vêm tirar emprego é falsa", sublinhou Pedro Calado

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Há 29 mil estudantes estrangeiros a frequentar instituições de ensino superior em Portugal Rui Gaudêncio

O Alto-Comissariado para as Migrações, Pedro Calado, defendeu esta quarta-feira a adopção de políticas públicas migratórias "muito activas" para facilitar a integração laboral dos imigrantes, cujos contributos líquidos anuais para a segurança social portuguesa são superiores a 240 milhões de euros.

Falando na conferência sobre a "A Mobilidade Global e a atractividade de Portugal: da estratégia à acção", o responsável pelo sector português das Migrações, Pedro Calado, considerou que, contrariamente ao que se pensa, o número de estrangeiros em Portugal aumentou desde 2008. "Apesar dos dados estatísticos demonstrarem um decréscimo na população estrangeira residente em Portugal, sobretudo a partir de 2008, a verdade é que diversos perfis migratórios registaram, nesse mesmo período de tempo, um aumento significativo. Por exemplo, o número de estrangeiros titulares de autorização de residência para estudantes de ensino superior aumentou em 109,1%  entre 2008 e 2012", disse Pedro Calado.

Face à crise que forçou a saída de muitos portugueses, "nos próximos anos, o país vai precisar de mais gente”. Pelas suas contas, “vamos precisar, até 2020, de 170 mil pessoas na área das tecnologias, sector onde hoje em dia não existe esta resposta”.

“Creio que isso nos dá um sinal de que Portugal tem que se posicionar proactivamente nesta competição global", observou. E mencionou o clima, a segurança social, o custo de vida, a qualidade do ensino, a hospitalidade e a tolerância como factores de atractividade do país, que, tal como "a proximidade cultural e linguística, e a qualidade das políticas migratórias", podem ajudar a explicar o crescimento dos novos perfis migratórios, “mesmo em tempo de crise internacional".

"Os contributos dos imigrantes são muito positivos", disse ainda, explicando que criam seis vezes mais postos de trabalho do que os portugueses. E cada vez mais criam postos de trabalho para portugueses. “Aquela ideia de que vêm tirar emprego é falsa", sublinhou.

Aliás, em 2011, "a taxa de actividade dos portugueses era de 47%, enquanto a dos estrangeiros era de 61%, o que contrasta com os restantes países da União Europeia", referiu o mesmo responsável, citando um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

O Alto-Comissário para as Migrações disse ainda que o número de investidores ou de investigadores altamente qualificados "aumentou significativamente, contribuindo para que, nestes últimos cinco anos, fossem atribuídas "mais de 300 mil nacionalidades portuguesas a muitos imigrantes".

"Na área de demografia, 10% dos nascimentos em 2013 foram de mães estrangeiras que vivem em Portugal. E se o país precisa tanto de bebés, os imigrantes têm aqui um contributo muito importante. A imigração não é um problema, é uma enorme oportunidade" para Portugal, concluiu. "Assim saibamos nós integrar, apoiar as pessoas no processo de viver e serem felizes em Portugal".

Apesar de Portugal se destacar como "um dos países do mundo com melhores políticas de imigração", os estrangeiros "continuam a ser canalizados para áreas menos atraentes, ou empregos chamados difíceis, sujos e perigosos", embora, em geral, sejam “mais qualificados do que os cidadãos portugueses" - uma tendência que, no entanto, não é uniforme em todas as nacionalidades.

No encerramento da reunião, o secretário de Estado do Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Pedro Lomba, também defendeu a "adopção de alguns instrumentos fundamentais das políticas migratórias aos novos tempos", visando "tornar Portugal um país mais atractivo", que saiba se "posicionar no espaço global de mobilidade".

 

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