Os temas que dominaram a campanha eleitoral

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Cartaz de campanha do partido Conservador LEON NEAL/AFP

Economia, saúde e imigração foram os principais temas de uma campanha eleitoral britânica que não permitiu dar vantagem nas sondagens nem aos conservadores, no poder há cinco anos, nem aos trabalhistas.

Economia e finanças públicas
Enquanto os conservadores mencionam dados que fazem inveja ao resto da Europa (desemprego a 5% e crescimento de 2,8% em 2014), os partidos de oposição de esquerda (Labour, Partido Nacional Escocês, Verdes, Partido de Gales) denunciam o crescimento das desigualdades no país, com a explosão dos contratos precários e dos bancos alimentares.

Quão depressa se deve reduzir o défice? Conservadores e os seus aliados de coligação liberais-democratas prometem equilibrar as contas públicas no ano fiscal de 2017-2018 enquanto os trabalhistas se recusam a fixar uma data mas asseguram que baixarão o défice “todos os anos”.

Os três partidos planeiam, em vários graus, a continuação de cortes orçamentais, enquanto os partidos nacionalistas escocês e galês e os verdes querem “acabar com a austeridade”.

Imigração
Em lugar de destaque nas preocupações dos eleitores e principal bandeira do partido populista e eurofóbico UKIP, a imigração, sobretudo das pessoas vindas dos países europeus, animou a campanha.

Em 2014, o saldo migratório estabilizou em 298 mil pessoas, o mais alto depois de 2005 e bem mais do que as “algumas dezenas de milhares” prometidas pelos conservadores em 2010.

Ainda que estudos mostrem que os imigrantes contribuem mais do que o que custam ao país, algumas regiões sentem-se completamente incapazes de lidar com o fluxo de estrangeiros, nomeadamente em termos de serviços públicos.

Tanto os conservadores como os trabalhistas querem proibir o acesso dos imigrantes europeus às prestações sociais, durante quatro e dois anos respectivamente, para tentar limitar o fluxo migratório. O UKIP quer proibir totalmente a imigração de trabalhadores não qualificados durante cinco anos e limitar a de trabalhadores qualificados a 50 mil por ano.

Saúde
O NHS (National Health Service, SNS) serviço público de saúde muito prezado pelos britânicos, é a preocupação número um dos eleitores, segundo uma sondagem Guardian/ICM. 30% dos inquiridos escolheram este tema como o mais importante, seguido de 16% que elegeram preços e salários e 14% a imigração. Acusados pelos seus opositores de tentarem privatizar o serviço nacional de saúde, os conservadores empenharam-se recentemente no investimento de pelo menos 8 mil milhões de libras (11,1 mil milhões de euros) extra todos os anos até 2020, sem detalhar a origem destas verbas.

O Partido Trabalhista prometeu mais 2,5 mil milhões de libras (3,4 mil milhões de euros), financiado por aumentos de impostos.

“Os principais partidos prometem um pouco mais de financiamento mas não o suficiente para o que é preciso. Não reconhecem que o SNS precisa de um aumento anual de 4% do seu orçamento para fazer face ao envelhecimento da população”, denuncia a médica Louise Irvine, que concorre por Surrey (Sudoeste) em nome do partido Acção de Saúde Nacional.

União Europeia
Se o partido conservador vencer as eleições, o primeiro-ministro David Cameron prometeu realizar, até 2017, um referendo sobre a continuação do Reino Unido na União Europeia.

Cameron diz apoiar a manutenção numa União reformada, mas está condicionado pela ala eurocéptica do seu partido e o crescimento do UKIP, que defende a saída da UE. 

Já o dirigente trabalhista Ed Miliband repetiu várias vezes durante a campanha que uma saída da UE seria um desastre para o país, sobretudo em matéria económica e de criação de empregos.

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