Três suspeitos de lavagem de milhões do tráfico de droga ficam em prisão preventiva

Arguidos estão ligados a duas empresas de câmbios que serviam para dissimular vários milhões de euros.

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Pagamentos em dinheiro, sem factura, na origem de boa parte da fuga ao fisco. Reuters

Três dos cinco detidos na quarta-feira ligados a empresas de câmbio suspeitas de branqueamento de capitais provenientes de tráfico de droga vão aguardar o julgamento em prisão preventiva. A mais gravosa medida de coacção foi decretada na tarde desta sexta-feira depois de serem ouvidos pelo juiz Carlos Alexandre no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa.

Os restantes dois arguidos saíram em liberdade mas suspensos do exercício de actividades na área financeira e proibição de se ausentarem para o estrangeiros. Ficam todos igualmente proibidos de contactarem entre si, de acordo com informação do portal do Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa (DIAP) que está encarregue do caso. De acordo com fonte da PJ, vários milhões de euros terão sido dissimulados através das empresas de câmbio.

As empresas são a Money One, Sociedade de Pagamento e Câmbios, e a Transfex, Instituição de Pagamentos, que o Banco de Portugal (BdP) determinou a suspensão de todas as actividades por suspeita de branqueamento de capitais.

A decisão do BdP surge depois das detenções dos suspeitos numa mega-operação da Polícia Judiciária por indícios de terem dissimulado através das firmas vários milhões de euros provenientes de tráfico de droga. A investigação está a cargo da Unidade Nacional de Combate à Corrupção. Cerca de 150 inspectores desenvolveram buscas na área da Grande Lisboa, adiantou ao PÚBLICO fonte daquela polícia.

“As buscas foram determinadas em consequência da recolha de fortes indícios da existência de uma associação criminosa que através dos seus membros utilizava estas instituições para o branqueamento de avultadas quantias provenientes de actividades criminosas altamente organizadas, de forma a esconder a sua origem e a integrar tais quantias no sistema financeiro legal. O grupo utilizava sociedades de fachada e contas em nome de terceiros de boa-fé como forma de dissimular a sua actividade criminosa que tinha âmbito transnacional e era susceptível de colocar em risco a estabilidade do próprio sistema financeiro e os interesses dos particulares”, sublinha o DIAP, em comunicado.


A informação do Ministério Público dá ainda conta de que já antes desta operação tinha sido apreendidos sete milhões de euros de proveniência criminosa, uma parte que estava a ser transportada em Espanha e outra em Portugal.

As ramificações internacionais destas duas empresas são complexas e datam já de 2009. Nesse ano, quando já estavam sob a mira das autoridades, as suas sedes que mantinham na Florida, nos Estados Unidos da América, foram encerradas, adiantou ao PÚBLICO fonte do Ministério Público.

De acordo com o DIAP de Lisboa, estão em causa suspeitas da prática de crimes de branqueamento de capitais, corrupção activa e passiva, fraude fiscal, associação criminosa e actividade ilícita de recepção de depósitos e outros fundos reembolsáveis. A Judiciária levou a cabo 30 buscas domiciliárias no âmbito deste inquérito que contou ainda com a colaboração da Unidade de Perícias Financeiras e Contabilísticas da PJ, da Unidade Informática da PJ e da Autoridade Tributária.


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