Jardim da Praça da República, no Porto, vai ser alvo de intervenção de fundo

Situado numa praça histórica da cidade, o jardim é pouco frequentado. Depois de ter investido 800 mil euros noutros espaços, câmara admite gastar quase 400 mil euros aqui.

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Câmara já tem um projecto para intervenção de fundo no Jardim da Praça da República Ricardo Castelo/NFactos

A Câmara do Porto pretende reformular o jardim central da Praça da República, projecto no qual deverá investir cerca de 400 mil euros para atrair mais gente a este espaço nobre da cidade, com forte carga histórica. Rui Moreira e o vereador do Ambiente da autarquia, Filipe Araújo, anunciaram esta prioridade nesta quarta-feira, durante um balanço das intervenções em espaços verdes levadas a cabo no ano e meio que levam de mandato.

Vários placares à beira-mar, em frente à fonte do Jardim de Montevideu, na avenida homónima, descreviam, esta manhã, o antes e o depois de várias intervenções em jardins da cidade, entre eles toda a marginal marítima, onde foi investida quase metade dos 800 mil euros (500 mil de fundos europeus), gastos neste trabalho de regeneração de espaços verdes. O vereador com a tutela desta área explicou que muitos deles não eram mantidos convenientemente, “estavam extremamente degradados”, o que aumentou os custos com as intervenções levadas a cabo.

Na Foz, nesta linha de costa pontuada pelos imponentes, e classificados, metrosideros, a última intervenção datava de 2001, aquando do projecto Polis, da autoria do arquitecto catalão Solà-Morales. E desde esse ano, a fonte desenhada por Manuel Marques e ali colocada em 1931 já não tinha água nem iluminação, agora repostos. A reabilitação de jardins da cidade era algo que estava no nosso manifesto eleitoral, vincou o vereador do Ambiente, que anunciou, com Rui Moreira, a intenção de continuar com operações de requalificação, desta vez no Jardim da Corujeira, na praça homónima, e no Jardim Teófilo Braga, na Praça da República.

A regeneração daquela que já foi a Praça da Regeneração, encimada pelo quartel militar, tem já um projecto alinhavado, e espera apenas garantia de financiamento para os quase 400 mil euros que a autarquia estima gastar. Tal como fez noutros espaços, como São Lázaro, em que as sebes de espaços interiores foram retiradas para permitir o pisoteio, e a fruição, das zonas relvadas, o município pretende alterar a filosofia deste jardim histórico, para atrair para ali mais gente. “Neste momento, mesmo para atravessar a praça de um lado para o outro, as pessoas vão pelo passeio e evitam o interior do jardim”, assinalou Filipe Araújo.

Muito do investimento feito nos jardins, ou no próprio Parque da Cidade, tem sido alocado para a melhoria dos respectivos caminhos, onde o piso se foi degradando por falta de manutenção, afastando pessoas. Mas neste balanço do trabalho feito em ano e meio, o vereador, que fora confrontado pelo PÚBLICO com as críticas do autor do livro Árvores com história à política do sector e à “propaganda” feita em torno de uma sequóia no jardim do Carregal, explicou que a autarquia está também preocupada com o seu património arbóreo.

O Porto tem 12 metros quadrados de área verde por habitante, o que segundo o vereador o coloca numa boa posição em termos europeus, mas a ideia da câmara, assegura, é tornar a cidade cada vez mais verde, precisamente através da rearborização, nomeadamente na via pública. "Temos 33 mil árvores inventariadas", notou, lembrando que de entre todas estas, há 263 que estão classificadas, individualmente, ou em conjuntos. Trata-se de um "património riquíssimo", admitiu, cuja importância deve ser também explorada em termos turísticos.

Filipe Araújo deu conta de que decorrem reuniões para convencer algumas instituições públicas e privadas da cidade a proporem a classificação de mais árvores já identificadas pela sua relevância. Entre elas estão os proprietários da histórica Quinta de Vilar D’Allen, em Campanhã e a Universidade do Porto. A própria câmara pretende propor a classificação de árvores em mais espaços municipais, como o jardim da Casa Tait, explicou.

Questionado pelos jornalistas sobre os investimentos previstos para o Parque Oriental (Campanhã), desenhado por Sidónio Pardal, autor do Parque da Cidade, o vereador do Ambiente assumiu que, para já, o esforço que vai ser feito, por via de candidaturas a fundos comunitários, será direccionado para a despoluição do Rio Tinto. Só depois, assinalou, é que se partirá para intervenções na envolvente para alargamento deste espaço verde que, vincou, é uma zona rural, cujo espírito deverá ser mantido.

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