ERC deve aprovar hoje Daniel Deusdado para a RTP1

Nomeado para director de programas foi ouvido pelo regulador e defendeu carácter distintivo da RTP, admitindo perda de audiência.

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O assunto RTP está neste momento a provocar um movimento de informações contraditórias no sector do audiovisual Rui Gaudêncio

Depois de um processo algo conturbado para perceber se Daniel Desdado tinha ou não incompatibilidades para exercer o cargo de director de programas da RTP1, a ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social prepara-se para dar hoje parecer favorável à sua nomeação. Deusdado passa assim a ser também director da RTP Informação e da RTP Internacional.

O PÚBLICO apurou que o Conselho Regulador da ERC poderá, no entanto, não dar o seu assentimento de forma unânime, por haver membros daquele órgão que fazem uma interpretação jurídica mais severa das questões relacionadas com a alegada incompatibilidade. Daniel Deusdado foi até há pouco tempo sócio de duas produtoras que costumam trabalhar com os canais públicos, a Farol de Ideias e a Pequeno Farol. Mas passou a sua quota para a mulher quando foi escolhido pela nova administração liderada por Gonçalo Reis.

A situação foi alvo de uma queixa à ERC, onde se alegava que a incompatibilidade se mantinha porque Deusdado seria o mentor da estratégia de conteúdos de toda a televisão pública, o que implicava que a única proprietária das produtoras tivesse acesso a informação privilegiada. Aparentemente, pelo menos uma maioria dos membros da ERC considera que essas incompatibilidades são ultrapassáveis.

O tema foi bastante debatido na audição de quase duas horas de Daniel Deusdado, ontem, na ERC. O director nomeado falou também sobre o projecto que tem para a RTP1 e sobre a estratégia geral de conteúdos não informativos dos canais de televisão públicos. Daniel Deusdado disse querer apostar na qualidade e no carácter distintivo da programação do canal 1 – uma premissa que a nova administração considera central na sua estratégia de serviço público – e admitiu ter consciência de que qualquer processo de mudança de filosofia da RTP será lento e que poderá implicar a perda de audiências. Mas não mencionou quaisquer metas ou objectivos nesta área.

Por resolver permanece agora apenas a questão do director de Informação da rádio pública. Depois do parecer da ERC que chumba a exoneração de Fausto Coutinho daquele cargo devido à falta de explicação da administração para a saída daquele profissional, a equipa de Gonçalo Reis ainda não reapresentou o pedido ao regulador.

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