Ajuda humanitária pode chegar à capital do Iémen, mas é em Áden que se morre

Combates no país fizeram pelo menos 141 mortos entre domingo e segunda-feira, 53 na cidade portuária de Áden.

Foto
Os hospitais em Áden não conseguem responder ao rasto de destruição, diz a Cruz Vermelha Sami Aboudi/Reuters

Quase duas semanas depois do início dos bombardeamentos no Iémen, o Comité Internacional da Cruz Vermelha continua sem conseguir entrar em Sanaa, a capital do país que está sob controlo das forças xiitas huthis e um dos principais alvos dos raides aéreos da coligação de países muçulmanos liderada pela Arábia Saudita. Entre domingo e segunda-feira, os combates fizeram pelo menos 141 mortos, e a situação humanitária é cada vez mais alarmante.

A Cruz Vermelha esperava conseguir enviar dois aviões nesta segunda-feira com material e pessoal médico para a capital, no Norte do país, mas a meio da manhã anunciou que os voos tinham sido adiados para terça ou quarta-feira, por dificuldades em arranjar uma companhia aérea que faça a viagem.

<_o3a_p>

Mas a organização apela a que lhe seja dada também autorização para chegar a Áden, a cidade disputada no Sul e o último reduto do Presidente Abdu Mansour Hadi, entretanto exilado em Riad, na Arábia Saudita. É nesta importante cidade portuária que se têm concentrado os confrontos entre os rebeldes huthis e as forças leais a Hadi.<_o3a_p>

Só no domingo morreram dezenas de combatentes de ambas as facções, em confrontos perto do porto de Áden. De acordo com a ONU, desde que começaram os bombardeamentos da coligação, a 26 de Março, morreram em Áden cerca de 200 civis, vítimas de raides aéreos.<_o3a_p>

O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) pede que sejam enviadas equipas de cirurgia para a cidade portuária. De acordo com um artigo publicado no site da organização na sexta-feira, a Cruz Vermelha diz que não há forma de os seus trabalhadores se deslocarem em Áden e que os hospitais estão a ficar sem material médico. Nesse mesmo dia foram mortos dois trabalhadores do Crescente Vermelho na cidade.<_o3a_p>

Os confrontos de domingo perto do porto de Áden terão feito cerca de 50 mortos. Os únicos números avançados pela agência Reuters partem de uma milícia que apoia o Presidente iemenita e referem que morreram 36 combatentes huthis e 11 das forças pró-Hadi. Um funcionário médico confirmou os confrontos de domingo e avançou ainda que os ataques por ambas as facções são indiscriminados.<_o3a_p>

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Há corpos nas ruas a que nós não conseguimos chegar porque há atiradores huthis nos telhados. Disparam sobre tudo o que se aproxima e os bombardeamentos em Mualla [distrito próximo do porto de Áden] têm sido indiscriminados”, disse a mesma fonte médica à Reuters.  <_o3a_p>

A Cruz Vermelha quer dar resposta a esta situação, de acordo com a sua porta-voz, Claire Feghali. "As pessoas não podem sair para comprar comida, sabemos que há falta de água na cidade porque a canalização foi danificada", começou por dizer à BBC. "Estamos a tentar fazer tudo o que podemos, mas a situação é extremamente difícil", concluiu.<_o3a_p>

No passado, a Cruz Vermelha acusou a coligação de países muçulmanos de bloquear a entrada de ajuda humanitária no Iémen. Mas o grupo de cinco países (Arábia Saudita, Egipto, Marrocos, Paquistão e Sudão) empurra as responsabilidades para os rebeldes huthis.<_o3a_p>

O brigadeiro-general Ahmed Asseri, que lidera a coligação, afirma que vários voos de evacuação (alguns deles de países que fazem parte da força conjunta) foram impedidos de descolar de Sanaa. O CICV obteve a aprovação no domingo para voar (já antes apelara a uma interrupção de 24 horas para enviar ajuda humanitária), mas um problema com a empresa de aviação atrasou os voos, tal como aconteceu novamente nesta segunda-feira, de acordo com a AFP. <_o3a_p>

Coligação espera recuperar Áden 
Apesar de 11 dias consecutivos de bombardeamentos, os rebeldes huthis prosseguem com os combates em Áden. As forças rebeldes xiitas já controlam o centro da cidade, mas os bombardeamentos aéreos e o apoio saudita às milícias pró-Hadi têm atrasado a sua progressão.<_o3a_p>

De acordo com o saudita Ahmed Asseri, é uma questão de tempo até que os huthis sejam expulsos da cidade portuária. “Esperamos que em poucos dias eles [milícias pró-Hadi] controlem a maior parte da cidade”, disse Asseri aos jornalistas em Riad, citado pela Reuters.<_o3a_p>

O conflito no Iémen tem criado uma plataforma de guerra multinacional. Os huthis xiitas têm o apoio não declarado do Irão, que já lhes terá enviado dinheiro e, possivelmente, armas e treino. Já o Presidente iemenita exilado tem o apoio da Arábia Saudita, de outros países muçulmanos e dos Estados Unidos.<_o3a_p>

Num cenário em que se opõem os rivais Arábia Saudita e Irão, o conflito entre huthis e milícias pró-Hadi torna-se muito complexo. Além disso, o estreito de Bab-el-Mandab, entre o Iémen e a Etiópia, e a pouco mais de 100 quilómetros de Áden, é um dos principais pontos marítimos comerciais do mundo. Por lá passa cerca de 40% do comércio marítimo global.<_o3a_p>

A ONU estima que até sábado tenham morrido 519 civis e que 1700 tenham ficado feridos. Destes, 90 são crianças, afirmou no sábado a subsecretária-geral para os Assuntos Humanitários, Valerie Amos.
 

 

 

   


 

 

 

 

 

 
 

 

 
 

 

 

Sugerir correcção
Ler 8 comentários