Greve pára 82% dos comboios da CP

Maioria das ligações de longo curso foi assegurada.

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Ao todo, são quatro dias de protesto Rui Gaudêncio

O primeiro dia de greve de trabalhadores da CP, feita em véspera de fim-de-semana de Páscoa, deixou parados 82% dos comboios previstos para esta quinta-feira. Até às 18h, tinham circulado 121 dos 1041 comboios previstos, embora a empresa tenha conseguido fazer a maioria das ligações de longo curso

Dos 18 Alfa Pendulares previstos, apenas um não circulou, ao passo que dos 39 comboios Inter-Cidades programados, 24 fizeram a viagem. A CP fez “um grande esforço” para assegurar as ligações de longo curso, disse ao PÚBLICO a porta-voz da empresa, Ana Portela.

A greve fez-se sentir mais nos comboios regionais (circularam apenas dois), bem como nos comboios urbanos de Lisboa (funcionaram 62 das 496 ligações marcadas) e do Porto (14 em 207). 

Ana Portela disse não ter uma estimativa de quantos passageiros poderão ser afectados, mas nota que em 2013 foram transportados 900 mil passageiros nesta altura do ano, número que subiu para 1,1 milhões no ano passado. "Provavelmente este ano poderia ter havido um crescimento", observou.

O protesto tem fundamentos laborais e resulta de duas greves de dois dias cada. Uma foi convocada pelo Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante para 2 e 6 de Abril, e pretende o cumprimento da decisão dos tribunais relativa ao pagamento dos complementos nos subsídios desde 1996. A outra foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário, para 3 e 5 de Abril. Este sindicato protesta contra cortes nos salários e reclama a abertura da negociação do acordo de empresa, a contratação de novos funcionários e a reposição do direito ao transporte gratuito para os trabalhadores da empresa.

O primeiro sindicato, porém, apelou aos trabalhadores para aderirem à outra greve convocada e os protestos deverão acabar por afectar as ligações de sábado, bem como a terça-feira, dia 7.

Contrariamente ao habitual, o tribunal arbitral não decretou serviços mínimos para o período de greve, uma decisão que motivou críticas fortes por parte da CP. Ana Portela disse esta manhã que a empresa “acha inconcebível” a ausência de serviços mínimos, os quais tipicamente tornam obrigatórios cerca de 25% das operações que estejam previstas. Em comunicado, a CP já tinha afirmado que o tribunal mostrava “desprezo pelo direito de milhares de portugueses” numa altura do ano em que são frequentes as viagens para reuniões familiares e classificara a decisão como “leviana”. 

No acórdão divulgado na segunda-feira, o tribunal arbitral justificou a decisão com o facto de não haver populações “que fiquem desprovidas de meios de transporte ou genuinamente isoladas em função da presente greve”, nem “alguém fique verdadeiramente impossibilitado de circular”. 

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