Mercado imobiliário cresceu em 2014, mas mediadores alertam para os riscos de nova euforia

Presidente da associação dos mediadores diz que há espaço para crescer mas "há que dar tempo ao tempo".

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Preço das casas continua a cair. Nélson Garrido

O mercado imobiliário registou no ano passado crescimento e consolidação, mas, segundo o presidente da associação de mediação imobiliária, não se deve "deixar que a euforia se apodere" do sector e leve à repetição de erros do passado.

"A procura da nossa oferta imobiliária tem vindo a crescer e a consolidar-se, mas não devemos deixar que a euforia se apodere do nosso estado de espírito, sob pena de perdermos o controlo necessário ao equilíbrio do nosso mercado", comentou Luís Lima, responsável pela Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), citado num comunicado.

O presidente manifestou a crença de que "há espaço para crescer", mas que se deve "dar tempo ao tempo" para consolidar e evitar "erros do passado".

Os dados mais recentes do Gabinete de Estudos da APEMIP demonstraram uma "movimentação crescente" no sector financeiro, o que se verifica, sobretudo, nos departamentos comerciais da banca, que estão a "incentivar a retoma da concessão de crédito direcionado para a aquisição de imóveis no segmento residencial".

Um relatório divulgado esta terça-feira mostra que a confiança criada pelo investimento estrangeiro fez "acordar também o mercado interno", com a procura no final de 2014 a fixar-se em 55,2% na compra e em 42,5% no arrendamento.

Partindo dos dados do portal CasaYes, a maior procura no arrendamento (41%) foi por valores menores de 300 euros, enquanto 38% buscaram por valores entre os 300 e os 500 euros. Do lado da oferta, apenas 19,1 % dos imóveis registaram valores iguais ou inferiores a 300 euros e 43,7% entre 300 e 500 euros. Os locais mais procurados continuaram a ser municípios das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.

Já na aquisição, os valores mais pesquisados foram entre 75 mil e 125 mil euros (30,8%), enquanto a oferta neste intervalo foi de 23,1%. Por tipo de imóvel, 58,1% das pesquisas concentraram-se em apartamentos e, sobretudo, em T2 e T3 e no município de Lisboa.

Fazendo o balanço de 2014, mediante as informações do Instituto de Registos e Notariado, houve 52,3 mil procedimentos/títulos no serviço Casa Pronta, o que reflecte uma diminuição de 01% em relação a 2013. Este serviço do Ministério da Justiça permite realizar as formalidades num único balcão de atendimento.

Desde a sua implementação, em Julho de 2007, os balcões foram responsáveis por cerca de 439 mil procedimentos/títulos, dos quais quase 12% realizados em 2014. O relatório mencionou, porém, a diminuição de 336 para 334 no número de balcões.

Com base na informação da Agência para a Energia (ADENE), o relatório somou a emissão de cerca de 180 mil registos de certificação energética, revelando um crescimento de 134% face ao ano anterior.
Outro dado revelado pela APEMIP é a subida do número de empresas de mediação imobiliária, com uma média de 66 licenciamentos em 2014, enquanto em 2013 esse número era de 39.

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