Perto de 5300 operacionais com treino para ajudar no combate aos fogos

Dispositivo de combate deste ano vai custar mais de 80 milhões de euros.

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Este ano, como no ano passado, há 49 meios aéreos na época mais crítica dos fogos. rui farinha/nfactos

São 5293 os operacionais que ao longo dos últimos meses tiveram ou vão ter até 15 de Maio treino em diversas áreas essenciais para o combate aos fogos florestais, tendo participado nas 259 acções práticas realizadas pela Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC). A necessidade de apostar no treino operacional foi uma das conclusões dos relatórios que analisaram os grandes fogos florestais de 2013, que vitimaram mortalmente nove pessoas, oito das quais bombeiros que participavam em operações de combate.

Este foi um dos dados avançados pelo comandante operacional nacional, José Manuel Moura, que apresentou esta segunda-feira na ANPC, em Carnaxide, o dispositivo de combate aos incêndios florestais deste ano, que terá um custo de mais de 80 milhões de euros. Na apresentação, José Manuel Moura faz questão de definir “a permanente segurança das forças” como o primeiro objectivo operacional. E insiste na mensagem ao repetir o mesmo objectivo três vezes, só em quarto lugar aparece a área ardida de acordo com as metas do Plano Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios e, no quinto, a redução dos reacendimentos.  

A aposta no treino operacional começou no final de 2013, tendo até Maio do ano passado abrangido mais de 4400 elementos, um número superado este ano. “Estas acções são realizadas no terreno. O objectivo é meter a mão na massa. Vamos diferenciando o tipo de acções em função do que consideramos mais premente”, resume José Manuel Moura, em declarações ao PÚBLICO. Estes treinos estão a cargo de elementos da estrutura operacional da ANPC, funcionando como complemento aos cursos de formação ministrados pela Escola Nacional de Bombeiros.

As acções de treino abarcaram diversas áreas como a utilização das máquinas de rasto nos incêndios, a operação de ferramentas manuais e mecânicas, o comando e o controlo das unidades de reforço e a organização das salas de operações.

As comunicações são outra das apostas deste ano com a colocação de mais de 4500 dispositivos móveis da rede SIRESP em viaturas de combate aos incêndios e com a instalação de consoladas em todos os Comandos Distritais de Operações de Socorro. Ainda vão ser entregues até ao Verão mais de 1700 dispositivos portáteis pelos bombeiros.  

Outra das novidades é a integração de 216 autocarros no dispositivo de combate aos fogos. Os veículos, dos corpos de bombeiros e de privados, vão ser usados para transportarem os combatentes que sejam rendidos por outros colegas. Esta questão também já foi alvo de críticas, já que o habitual era as equipas regressarem a casa nas viaturas usadas para o combate. Após horas de enorme desgaste, os combatentes eram obrigados a longas viagens em viaturas desconfortáveis, tendo alguns de conduzir veículos pesados. “Alguns destes veículos já foram usados antes para as rendições, mas desta vez decidimos integrá-los no dispositivo”, adianta José Manuel Moura.

O comandante operacional nacional adianta que, a época mais crítica de incêndios florestais, que decorre entre 1 de Julho e 30 de Setembro – a chamada fase Charlie - vai este ano contar com mais 17 equipas de combate a incêndios florestais, num total de 2.234 grupos terrestres, que integram 9.721 elementos. “É um reforço com pouca expressão, mas na fase Charlie já não há, da parte dos corpos de bombeiros, capacidade para mais equipas”, reconhece José Manuel Moura. Comparando os números deste ano com os de 2014, concluiu-se que os meios terrestre aumentam apenas em 24 operacionais.

Na fase Charlie vão estar disponíveis 49 meios aéreos, exactamente os mesmos que operaram nesse período o ano passado. Entre estes mantém-se a parelha de Canadair, aviões pesados, e a de aviões anfíbios. Neste âmbito foram realizadas várias melhorias operacionais: foi revisto o manual de meios aéreos, criadas mais duas frequências rádio para operar estes meios, reforçado o número de rádios (36) para os coordenadores de operações aéreas, instalado um novo sistema de georreferenciação das aeronaves e reavaliados os pontos de recolha de água para os aviões anfíbios.  

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