Que pena ser velho

A experiência mata a novidade. A velhice apaga a juventude.

A Sara mandou-me um link do YouTube da canção Cornerstone, escrita, cantada e tocada ao piano por Benjamin Clementine. Fiquei siderado. Fui logo ouvir o primeiro álbum dele, At Least For Now, publicado já em 2015.

Gostei imenso. Quando fui investigar, soube que ele é um autodidacta que ouviu pouca música quando era adolescente. Ficou impressionado por Anthony Hegarty a cantar Hope There's Someone na televisão. Foi com certeza no Later With Jools Holland; no mesmo dia em que a Maria João e eu ficámos também cativos de Antony and the Johnsons.

Na rádio, ouviu (no Radio 3?) alguns trabalhos do sempre desconcertante e encantador Erik Satie. Gosta também de Léo Ferré, Leonard Cohen, Nina Simone, Jimi Hendrix e de Luciano Pavarotti.

Tendo nascido em Londres, mudou-se aos 19 anos para Paris, vivendo numa pensão em Montmartre e ganhando dinheiro cantando na rua e no Metro.

Benjamin Constantine é um músico, vocalista, compositor e letrista com muito talento. Mas não me anima. Nem pode animar. Sou velho de mais para estes casamentos.

Ouvi-lo atirou-me para "reouvir", mais uma vez, Nina Simone. E há sempre uma parte da obra de Nina Simone que está à nossa espera, para nos surpreender. A verdade é que ela nunca mais acaba.

A verdade é que não consigo ouvir o transcendente Benjamin Clementine sem ser como o filho (ou a confluência) de Nina Simone com Anthony Hegarty.

A experiência mata a novidade. A velhice apaga a juventude. É assim que tem de ser.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários