Ainda é um projecto-piloto mas a ideia é que nos próximos meses se torne norma no Reino Unido. Tal como no cinema, ou nos videojogos, agora também os vídeos de música no YouTube e no Vevo vão passar a ter classificação etária com o objectivo de proteger as crianças de conteúdos indevidos.

A medida surge meses depois de várias discussões levantadas por videosclipes controversos como os de Miley Cyrus e Rihanna. Não é propriamente uma proibição mas sim uma indicação. Além do nome do artista, o título da canção e a editora, a partir de agora surgirá também a idade recomendada para ver aquele conteúdo. Assim, pais e crianças estão informados.

À semelhança do que acontece no cinema, televisão e videojogos, a idade permitida para os vídeos de música será determinada pela comissão de classificação britânica (British Board of Film Classification – BBFC) em parceria com as editoras. Esta é a segunda fase de um projecto que começou em Outubro quando o governo britânico lançou a proposta com o objectivo de ajudar os utilizadores a tomarem decisões informadas. Afinal, Miley Cyrus, por exemplo, não faz apenas canções e vídeos provocadores e sexualizados. Mas quando lança um novo videoclipe não há qualquer informação que possa ajudar a antever o que aí vem. Basta lembrar o vídeo de Wrecking Ball, onde surge praticamente sem roupa em cima de uma bola.

Em Agosto o primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou o projecto de classificar os vídeos de música online para evitar que conteúdos inapropriados cheguem a pessoas erradas. Em Outubro avançou a primeira-fase de testes. Desde aí que as maiores editoras britânicas – a Sony, a Universal e a Warner – estão a enviar para a BBFC os vídeos dos seus artistas antes de os lançarem para o mercado. O sistema britânico prevê as seguintes classificações etárias: U (sem restrições de idade), PG (orientação dos pais recomendada), 12 (maiores de 12 anos), 15 (maiores de 15 anos) e 18 (maiores de 18).

Segundo a BBC, por esta ser ainda uma fase de testes, não foram muitos os vídeos avaliados. A BBC escreve que cerca de 80% dos vídeos enviados à BBFC receberam um certificado de 12, 15 ou 18.

Apesar de não se saber quantos vídeos foram submetidos a avaliação, 84 receberam classificação etária – desconhece-se quantos ficaram de fora. Destes 84, 27 foram classificados como maiores de 12, 39 são para maiores de 15 e apenas um é para maiores de 18. Seis vídeos submetidos para classificação foram aprovados para todos e em 11 foi aconselhada a orientação dos pais.  

As editoras não são, no entanto, obrigadas a enviarem todos os vídeos para a comissão de classificação. Apenas aqueles que têm dúvidas e que acham que devem ser classificados. Todos os vídeos que considerem não ser preciso ser submetidos a uma avaliação podem ser directamente publicados online. A medida aplica-se também, para já, apenas a conteúdos britânicos.

Entre os vídeos de música já avaliados está o de Ellie Goulding para Love Me Like You Do, canção que integra a banda-sonora de As 50 Sombras de Grey. O vídeo, que contém alguns excertos do filme, foi classificado como para maiores de 15 anos de idade por conter “fortes referências sexuais”.

Também os Kasabian viram o vídeo de Stevie, editado em Outubro e que mostra um rapaz a ser criado em laboratório, qual animal num teste científico, ser classificado para maiores de 12. Para a comissão britânica, há uma “ameaça moderada” no vídeo. A mesma classificação foi dada ao videoclipe de I Should Know You Better, dos escoceses Prides, pela violência e imagens sexuais.

Já Dizzee Rascal recebeu a classificação mais alta. Couple of Stacks é para maiores de 18, uma vez que o vídeo, segundo a BBFC, tem uma “forte violência sangrenta, sangue derramado e linguagem verbal muito forte”.

Não há ainda uma regra sobre como é que esta informação deverá aparecer e portanto a classificação constará apenas na informação do vídeo, em alguns casos disponível para ver fora do Reino Unido. Como é o caso do vídeo de Dizzee Rascal, cuja recomendação etária temos acesso em Portugal. O objectivo também é que nos próximos meses mais editoras sujeitem os seus vídeos a aprovação. 

Em Portugal, a classificação etária é atribuída pela Inspecção-Geral das Actividades Culturais (IGAC), na tutela da Secretaria de Estado da Cultura, estando previstas as seguintes classificações de idade: A (parcialmente adequado para crianças), M/3 (para crianças de 3 anos e acima), M/6 (6 anos e acima), M/12 (12 anos e acima), M/14 (14 anos e acima), M/16 (16 anos e acima) e M/18 (18 anos e acima).