A avó de Cervantes poderá ajudar a confirmar a sepultura do neto

Se a Igreja de São João Baptista de Arganda del Rey, em Madrid, contiver realmente os restos mortais de Elvira de Cortinas, estará mais próximo o fim da busca pela sepultura do autor de Dom Quixote.

Foto
Há quase dois meses que uma equipa de investigadores ocupou a cripta da igreja do Convento das Trinitárias Descalças em busca dos restos mortais de Cervantes DR

A saga da identificação dos restos mortais de Miguel de Cervantes continua. O El País noticia este domingo que poderá ter sido aberta uma nova linha de investigação. Se se confirmar que a Igreja de São João Baptista de Arganda del Rey, em Madrid, acolhe os restos mortais de uma avó do escritor, pode ser possível extrair deles ADN mitocondrial que permita estabelecer com maior certeza a identidade das ossadas na cripta da igreja do Convento das Trinitárias Descalças, na capital espanhola, que a equipa liderada por Francisco Etxeberria crê pertencerem a Cervantes.

O antropólogo forense esclarece que o ADN mitocondrial “não permite a identificação directa dos indivíduos, mas serve para definir linhagens”. Neste momento, o passo essencial será estudar fontes e tradição oral para confirmar que os restos mortais de Elvira de Cortinas, avó de Miguel de Cervantes, estão realmente na igreja de Arganda del Rey. Esta foi edificada entre 1700 e 1717 sobre uma igreja anterior, datada do século XV e, escreve o El País, é no espaço que se manteve partilhado entre as duas edificações, numa zona de destaque junto ao altar, que se supõe estarem as ossadas de Elvira de Cortinas e de seu pai, Diego Sánchez Cortinas, alcunhado “o Alcaide”.

Francisco José Marín Perrelón, historiador encarregado da pesquisa documental na busca dos restos mortais do autor de D. Quixote de La Mancha, diz ao El País que os Cortinas pertenciam "presumivelmente a uma linhagem de judeus convertidos formada por pessoas abastadas”, com terras na zona agrícola no sudeste de Madrid. Quanto à filiação paterna de Miguel de Cervantes, já é conhecido dos investigadores o “certificado da pureza de sangue” de seu pai, Rodrigo de Cervantes.

O trabalho da equipa passará agora por confirmar se Elvira de Cortinas e seus familiares foram realmente sepultados na igreja e em que área da mesma tal aconteceu. Será depois necessário averiguar a quantas pessoas correspondem os restos mortais na sepultura, se houve adulterações das ossadas e, por fim, identificadas as de Elvira de Cortinas, se estas permitem a leitura do seu perfil genético.

Há cerca de dois meses que a cripta da igreja do Convento das Trinitárias Descalças está praticamente transformada em laboratório forense. Na sepultura que a equipa de investigação crê acolher os restos mortais de Miguel de Cervantes encontravam-se ainda os de outros 16 adultos e crianças. Neste momento, os investigadores dedicam-se a traçar o perfil genético do escritor. A avó de Cervantes, nesse sentido, poderá revelar-se uma ajuda preciosa.

Sugerir correcção
Comentar