Sérvia detém sete suspeitos de estarem ligados ao massacre de Srebrenica

São as primeiras detenções de indivíduos que podem estar directamente implicados nas execuções que, em 1995, mataram mais de 8000 muçulmanos bósnios

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Monumento aos mais de 8000 muçulmanos bósnios que morreram em Srebrenica Danilo Krstanovic/Reuters

As autoridades sérvias detiveram nesta quarta-feira sete suspeitos de terem participado no massacre de Srebrenica. É a primeira vez que a Sérvia investiga pessoas directamente ligadas ao genocídio de mais de 8000 muçulmanos bósnios em 1995, nos arredores da cidade do leste do país. Até ao momento, as autoridades sérvias detiveram apenas suspeitos de estarem indirectamente ligados àquele que é o único genocídio na Europa reconhecido pelas Nações Unidas desde o fim da segunda guerra mundial.

Os sete detidos nesta quarta-feira podem estar directamente implicados no assassinato de cerca de 1000 muçulmanos bósnios num armazém em Srebrenica, de acordo com as informações avançadas pela equipa de procuradores bósnios e sérvios à Associated Press.

“É muito importante que a Sérvia adopte uma posição clara em relação a Srebrenica através de um processo nos tribunais”, disse à AP o procurador sérvio encarregado do caso.

Em Julho de 1995, militares sob o comando do ex-general sérvio Ratko Mladic executaram mais de 8000 muçulmanos bósnios ao cabo de cinco dias. As vítimas eram sobretudo homens e rapazes. Ratko Mladic, apelidado “o carniceiro de Srebrenica”, está a ser julgado no Tribunal Penal Internacional de Haia por onze crimes de guerra e contra a humanidade – entre estes últimos contam-se crimes de extermínio e genocídio.

O local onde ocorreram as execuções, nos subúrbios de Srebrenica, perto da actual fronteira oeste da Bósnia com a Sérvia, estava sob a protecção das Nações Unidas quando se deu o massacre.

Em Julho de 2014, numa das últimas implicações internacionais do massacre, o Estado holandês foi considerado responsável pela morte de trezentos muçulmanos bósnios. Foi considerado por um tribunal em Haia que o destacamento holandês ao serviço das Nações Unidas não protegeu devidamente a população civil de Srebrenica.

A Sérvia, candidata à adesão na União Europeia, está sob pressão da comunidade internacional para investigar e condenar elementos ligados ao massacre de Srebrenica, encarados como heróis por parte da população. O Presidente sérvio, Tomislav Nikolic, célebre por ter negado a existência do massacre, acabou por pedir perdão por Srebrenica em 2013

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