Um site que nos ajuda a ser designers de moda

A 44.ª edição da ModaLisboa termina domingo, dia em que é apresentada a AwayToMars, uma nova plataforma de design colaborativo que nos diz que todos podemos ser designers.

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Aleksandar Protic RUI VASCO/MODALISBOA
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Alexandra Moura RUI VASCO/MODALISBOA
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Carlos Gil RUI VASCO/MODALISBOA
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Luis Carvalho RUI VASCO/MODALISBOA
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Miguel Vieira RUI VASCO/MODALISBOA
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Ricardo Preto RUI VASCO/MODALISBOA
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Valentim Quaresma RUI VASCO/MODALISBOA
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A moda, por mais que suspire pelo passado ou olhe para a rua do lado em busca de inspiração, é futuro.

Os criadores portugueses continuaram sábado a pensar no que será o vestuário daqui a seis meses, com Luís Carvalho a prever tempo seco e silhuetas amplas, e este domingo de ModaLisboa começa com uma janela a abrir-se para um certo futuro do sector: colaborativo, baseado na comunidade, esteja ela em Lisboa ou já ali em Marte. AwayToMars, ou como todos podemos ser designers.

É uma proposta provocadora a de Alfredo Orobio e Carlo Valentini: “Rever o processo de criação”, “contestar o modelo actual da moda que coloca o director criativo das marcas” numa posição de quase “ditador”, disse o jovem designer brasileiro Orobio nas Fast Talks, conferências que abriram a 44.ª edição da ModaLisboa. O primeiro desfile do dia será, em suma, um lançamento de um site. 

Na Casa da Balança, a AwayToMars vai desfiar “uma tela em branco, uma colecção de básicos – T-shirts, impermeáveis e calças – e apresentar um conceito em que as pessoas possam manipular a colecção” no site homónimo, explica ao PÚBLICO Orobio, co-fundador da plataforma. Na passerelle haverá “alguns sinais conceptuais, alguns prints”, mas que funcionarão como base para que depois qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, possa apresentar as suas inspirações (imagens, sons, vídeos), propostas de modificação, dar feedback e produzir assim também úteis estatísticas de popularidade para fixar volumes de produção (que a marca quer que seja em Portugal) e convencer pontos de venda. 

Por trás dessa tela em branco há um grupo de 20 curadores que funciona como farol para a identidade da marca (oito dos quais portugueses), e que tenderá a crescer à medida que a comunidade de que depende o sucesso do projecto se expanda. Depois de vista a colecção, há 30 dias para sugerir alterações, sujeitas depois a análise técnica. É o mesmo funcionamento para o verdadeiro cerne do projecto: criar espaço para novas ideias, acompanhadas de raiz pela AwayToMars como comunidade - a mesma que vai definir outra chave da plataforma, e um dos busílis da indústria e dos jovens designers, que é o financiamento. 

Numa altura em que as principais semanas de moda se digladiam para captar os mais jovens valores e que se elogiam os programas de mentoria, na AwayToMars a filosofia é de crowdfunding: “As pessoas é que dizem sim ou não” a uma peça, “financiam e depois têm acesso a ela por um preço de venda a grosso”, explicou Orobio na conferência que mais agitou as Fast Talks. “Na indústria de moda existe um risco, ‘vai ou não vender’? E a comunidade divide o risco com o criador.”

As restantes peças vendem-se no site a preço de retalho e a marca - cujo símbolo é simplesmente uma barra - partilha a etiqueta com o autor de uma sugestão ou peça. Nesse pedaço de tecido ler-se-á o nome da AwayToMars e o da “qualquer pessoa no mundo que tem boas ideias que não tira do papel porque não tem as ferramentas”, como sumariza Orobio. 

No futuro a ideia é expandir a plataforma para outras áreas do design e para a possibilidade de “um fundo para financiar designers” que emerjam da AwayToMars, que esteve na forja dois anos e que tem auto-financiamento. Daqui a seis meses, há um novo recomeço na indústria da moda e a AwayToMars quer ser mais crescida. “O contrato do servidor não aguenta muito mais que duas mil pessoas. Eu quero trocar de servidor logo”, sorri Carlo Valentini.

Um semestre separa-nos das propostas de Luís Carvalho, jovem criador da plataforma de micromarcas LAB que mostrou um Inverno Dry com uma âncora na década de 1930 em preto, verdes e mostarda. As peças, especialmente as femininas, moveram-se entre a simplicidade e os detalhes de construção que as interligavam - estamos nos anos 30, mas do século XXI, com capas e sobrecapas que fizeram dos vestidos e camisolas mil-folhas onde podemos abrigar-nos. 

O dia começou na belíssima Casa da Balança, com os convidados entre o sol e o interior (e os transeuntes interessados a acompanhar tudo na Ribeira das Naus) a confirmar que para Valentim Quaresma o Inverno está mesmo a chegar, como numa muralha escrita por George R.R. Martin - joalharia de autor sob o signo de Cinematic em alpaca, latão, alumínio e cobre a criar, como sempre, imagens fortes e desta feita com um toque bélico nas asas, felinos e outras criaturas a desenharem-se no corpo dos modelos vestidos de negro. 

O sábado pertenceu também a Alexandra Moura e aos seus homens e mulheres envoltos em várias camadas de quente, do pêlo às mantas, e ao regresso de Aleksandar Protic. O seu What’s Next era um sinal de telemóvel - a marca patrocinadora do desfile que se desenvolveu aliando a bombazina aos metalizados, as formas esguias e os tecidos coleantes mas leves em beges-pérola, negro e branco a reinterpretar vários trabalhos de Georgia O’Keeffe.

Apresentaram-se ainda Ricardo Preto, que acrescentou pêlo e uma paleta 70s ao segundo dia de ModaLisboa, Miguel Vieira a pensar um Inverno com o desportivo do jacquard em vestidos de cintura cingida e saias volumosas e os habituais fatos masculinos, e o poker de Carlos Gil.

A 44.ª ModaLisboa termina este domingo com os desfiles de Filipe Faísca, Kolovrat e Pedro Pedro, entre outros. 

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