“Ninguém pode servir a dois senhores”, diz vereador do Porto sobre presidente da junta

Em causa o facto de António Fonseca ser presidente da junta e também da associação de bares.

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Para a CDU, depois da retirada de confiança política a António Fonseca (na foto), "têm-se sucedido as decisões mais estranhas no executivo" Paulo Ricca

O vereador da Fiscalização na Câmara do Porto, Sampaio Pimentel, diz que o presidente da União de Freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória, António Fonseca, tem “dificuldades de interpretação” e diz que não retira uma vírgula às críticas que fez, a título pessoal, ao colega do movimento Rui Moreira: Porto o Nosso Partido, por causa da acumulação da presidência da junta com o da Associação de Bares da Zona Histórica do Porto (ABZHP).

A reacção de Sampaio Pimentel surge depois de uma outra reacção, de António Fonseca, no Facebook, às críticas do vereador na reunião do executivo da passada terça-feira. Na altura, quando se discutia o projecto, já em curso, da junta mas por proposta da ABZHP, de pagamento remunerado a agentes da PSP na noite da cidade, Sampaio Pimentel disse que, se fosse ele “não seria presidente da junta e da associação”. Fonseca reagiu no Facebook, no próprio dia, colocando diversos artigos de jornais, algumas com vários anos, em que aparece como líder da ABZHP, e escrevendo: “também nesta altura eu acumulava o cargo autárquico”. Na quinta-feira, o autarca e representante dos empresários voltou à carga, escrevendo: “Obviamente que fico satisfeito por saber que a câmara vai pagar policiamento, tendo em conta a posição do vereador responsável pela fiscalização. Bem haja!”.

Ao PÚBLICO, Sampaio Pimentel diz que o colega de coligação tem “dificuldades de interpretação” por querer atribuir uma reacção política a uma crítica “meramente pessoal”. Mas insiste nas críticas e até cita a Bíblia, afirmando: “Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro”.

O vereador diz que não discutiu a questão com o presidente da câmara, Rui Moreira, mas que não precisava sequer de o fazer, já que, afirmou: “A partir do momento que se tornou candidato, suspendeu o mandato de presidente da Associação Comercial do Porto e quando se tornou presidente demitiu-se daquelas funções. A partir daí, tem é que se interpretar estes sinais, não é preciso tomar mais nenhuma posição”.

Sampaio Pimentel acusa ainda António Fonseca de, enquanto líder da ABZHP, andar “há anos” a prometer policiamento remunerado na zona de maior animação nocturna sem “nunca cumprir”, e deixa uma questão no ar: “O que é que se alterou entretanto?”.

Irónico, o vereador diz que, depois da polémica em que se viu envolvido, no Verão do ano passado, por causa de comentários que ele próprio fez no Facebook (chegou a ser noticiado que lhe seriam retirados os pelouros) “não podia ficar agora calado”.

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