"Foi ele", reconhece a defesa do jovem acusado pelo atentado de Boston

Estratégia da defesa centra-se na responsabilidade relativa de Djhokhar Tsarnaev . Foi o irmão, Tamerlan, morto após o atentado, "quem concebeu o ataque" argumentou a advogada Judith Clarke, na primeira sessão do julgamento.

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“Ele acreditava que era um soldado, numa guerra santa, contra os americanos", disse um procurador AFP

“Foi ele.” A defesa do jovem que, esta quarta-feira, começou a ser julgado pelo atentado na maratona de Boston surpreendeu ao assumir, logo no primeiro dia de audiências, as responsabilidades de Djhokhar Tsarnaev pelo ataque que causou a morte de três pessoas e feriu 264, em Abril de 2013.

A estratégia da defesa parece ser centrar-se na responsabilidade relativa de Djhokhar. Foi Tamerlan Tsarnaev, que tinha 26 anos e foi morto três dias depois do atentado, quando fugia à polícia, "quem concebeu o ataque", argumentou a advogada Judith Clarke, na sua primeira declaração, citada pela Reuters. “Foi Tamerlan Tsarnaev quem se auto-radicalizou. Djhokhar seguiu-o.”

Os procuradores federais que acusam Djhokhar Tsarnaev, agora com 21 anos, muçulmano, norte-americano de origem tchechena, pelo mais grave atentado em solo norte-americano desde o 11 de Setembro, tinham anteriormente declarado que o jovem “tinha o desejo de matar”

Um deles apresentou ao júri uma descrição do modo como o acusado e o irmão seleccionaram os locais onde puseram duas bombas artesanais, junto a linha da meta.

“Não estava lá para assistir à corrida. Ele tinha dentro da mochila uma bomba de fabrico caseiro. É um tipo de bomba preferido pelos terroristas pelos efeitos sangrentos”, disse William Weinreb, segundo a Reuters. “Fingiu ser um espectador mas tinha o desejo de assassinar.” “Ele acreditava que era um soldado, numa guerra santa, contra os americanos", acrescentou o mesmo procurador.

O arguido é acusado de 30 crimes, 17 puníveis com pena de morte. A defesa tem argumentado que o suspeito não terá um julgamento imparcial.

Tsarnaev pode ser condenado à morte se for considerado culpado das acusações. Para além de lhe ser atribuída a autoria da explosão das bombas é também acusado de duas mortes e de ferimentos em 16 pessoas, durante uma perseguição policial.  

Assistiram ao início do julgamento cerca de uma dezena de pessoas, incluindo feridos no ataque e familiares das vítimas, entre eles os pais de Martin Richard, um rapaz de oito anos morto no atentado.

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