Governo grego admite taxa extra sobre os mais ricos

Tsipras diz que as negociações com os parceiros foram “muito duras”. Varoufakis promete mão pesada com que tem mais.

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Estão a ser pedidas mais cedências ao Governo liderado por Alexis Tsipras

Fechado o acordo com os parceiros da zona euro, o novo Governo grego prepara-se para pôr em marcha as primeiras reformas. O primeiro pacote de medidas tem no centro uma das bandeiras do Syriza – o programa de resposta à “crise humanitária”. Mas para “quem pode pagar”, também há medidas na agenda. E o ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, admite lançar uma taxa extraordinária sobre os mais ricos.

“Estamos comprometidos com o equilíbrio orçamental. Se eu tiver de impor um imposto especial, fá-lo-ei, mas sobre aqueles que podem pagar”, declarou Varoufakis à televisão grega Skai. “Estamos interessados naqueles que têm dinheiro e que nunca pagaram. Eles são o nosso alvo e seremos implacáveis”, insistiu, referindo-se à forma como o Governo pode ir buscar mais receita fiscal, um dos objectivos acordados com o Eurogrupo.

O executivo prepara-se ainda para lançar uma proposta de lei de incentivo ao pagamento de dívidas em atraso ao fisco, para diminuir o valor da cobrança em falta (76 mil milhões de euros, segundo a AFP).

Yanis Varoufakis tem-se desdobrado em entrevistas nas últimas semanas, dentro e fora da Grécia. E enquanto definia as prioridades do executivo na frente fiscal, dando corpo ao acordo celebrado com o Eurogrupo, ao primeiro-ministro Alexis Tsipras coube reafirmar as prioridades económicas e sociais, falando para dentro do partido.

Foi esse o tom do discurso de Tsipras ao comité central do Syriza, na sexta-feira em Atenas, onde deu a conhecer o guião de algumas reformas que quer lançar já nas próximas semanas.

A atenção imediata do Governo está no programa de apoio aos mais pobres. Na próxima semana, vão entrar no Parlamento os primeiros projectos de lei, com um pacote de medidas onde se inclui a distribuição gratuita de electricidade a 300 mil famílias que vivem abaixo do limiar da pobreza e o plano de ajuda ao arrendamento de 30 mil pessoas.

O primeiro-ministro adiantou que o programa de combate à “crise humanitária” vai ser o primeiro a dar entrada no Parlamento. “É o nosso primeiro dever combater uma sociedade que está a sofrer”, afirmou o primeiro-ministro e líder do Syriza. O segundo projecto de lei, assegurou ainda, visa “proteger o alojamento de centenas de milhares de cidadãos que se arriscam a perder a sua casa”.

Sobre o acordo com os parceiros europeus, Tsipras admitiu que Atenas foi alvo de “enormes pressões” – alvo de “chantagem” – e que as negociações foram “muito duras”, numa batalha que, reafirmou, é para continuar. Tsipras garantiu ainda que a Grécia não terá um terceiro memorando depois de terminar o programa que foi prolongado em quatro meses.

O ministro das Finanças afirmou ainda na entrevista à Skai que o Governo deve negociar com o Banco Central Europeu o pagamento de 6700 milhões de euros de obrigações gregas detidas pela autoridade monetária da zona euro, e que vencem em Julho e Agosto. “Se tivéssemos dinheiro, pagávamos… Eles sabem que não o temos”, afirmou, segundo a Reuters.

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