Sonae Indústria sai do mercado francês

Empresa vai vender ou fechar mais três fábricas na Europa.

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Rui Correia, presidente executivo da Sonae Indústria, tem pela frente mais encerramentos de fábricas. FERNANDO VELUDO/NFACTOS

O plano de reestruturação da Sonae Indústria ainda não está concluído. A empresa acaba de anunciar ao mercado que pretende vender ou encerrar mais três fábricas, duas em França e uma em Espanha.

No caso de França, a venda ou o encerramento, se a primeira possibilidade não tiver êxito, representa uma saída do país.

Em conferência de Imprensa, realizada esta sexta-feira, Rui Correia, presidente da comissão executiva, manifestou-se esperançado nas vendas das unidades, mas admitiu que se esse processo não tiver êxito, a opção passará pelo encerramento.

O processo de reestruturação da actividade em França, iniciado há vários anos, tem sido difícil, sendo este mercado apelidado internamente de  “patinho feio” da Sonae Indústria.

Em 2014, a empresa maioritariamente detida por Belmiro de Azevedo (que através da Sonae é proprietário do PÚBLICO) já tinha alienado duas fábricas em frança (Auxerre e Le Creusot).

Classificada também como operação descontinuada está ainda a fábrica de Pontecaldelas, em Espanha, onde a empresa também encerrou outra unidade no ano passado, mas onde continua a manter actividade industrial.

Para os resultados consolidados da Sonae Indústria de 2014, que terminaram com um prejuízo de 116 milhões de euros, as três fábricas contribuíram para as perdas em 36 milhões de euros, e 38 milhões de euros de imparidades, dos quais quatro milhões de euros são relativos às operações em Espanha e de 34 milhões de euros relativo às operações em França.

Concluída esta nova fase de reestruturação, a Sonae Indústria reduzirá a sua presença de seis para cinco países: Portugal, Espanha, Alemanha, Canadá e África do Sul.

O plano de reestruturação realizado no último exercício foi responsável por custos extraordinários de 95 milhões de euros, que agravaram os prejuízos.

Animado pela crescente neutralização das operações que dão prejuízo e pela consequente melhoria dos resultados operacionais, que aumentaram 10%, Rui Correia defende que a empresa “está em condições de aproveitar a melhoria do ciclo económico”.

"Estamos a trabalhar para ter lucro o mais depressa possível e acreditamos que estamos muito próximos”, afirmou o gestor, sem no entanto avançar uma data para atingir esse objectivo.

A empresa, que nos últimos anos vendeu a operação no Brasil e no Reino Unido, vende actualmente para mais de 90 países e tem lançado novos produtos, como a gama de produtos de MDF coloridos, destinados à indústria de revestimento e decoração. Trata-se de um produto de maior valor acrescentado, em que a Sonae Indústria deposita esperanças de boa aceitação no mercado.

Os recentes investimentos, designadamente em Oliveira do Hospital, permitem a introdução de nova tecnologia noutros produtos.

Depois do investimento de 43 milhões de euros em 2014, em especial na unidade portuguesa de Oliveira do Hospital e na alemã Nettgau, a empresa não avançou o montante de investimento a realizar no corrente. Rui Correia admite, no entanto, que a empresa está a estudar alguns investimentos.

No final de 2014, a empresa realizou um aumento de capital de 112 milhões de euros, “em condições muito adversas, realizado a um cêntimo por acção, de que resultou um aumento da participação accionista de Belmiro de Azevedo, através da Efanor, de 51% para 68%.

A operação de aumento de capital esteva inserida num plano refinanciamento da dívida com os dois maiores bancos credores, que permitiu alargar os prazos de amortização de 6 a 8 anos, com três anos de carência de reembolso de capital.

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