Novo impasse no pedido de extradição de Polanski

Juiz polaco precisa de mais tempo para analisar pedido dos EUA sobre abuso sexual de menor.

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Roman Polanski esta quarta-feira à chegada ao tribunal em Cracóvia Kacper Pempel/REUTERS

O realizador Roman Polanski compareceu esta quarta-feira num tribunal de Cracóvia, na Polónia, onde o juiz Dariusz Mazur decidiu nada decidir – segundo a Associated Press, a avaliação do novo pedido de extradição dos EUA relativo à condenação do cineasta por abusos sexuais a uma menor em 1977 ficou novamente adiada.

Roman Polanski, de 81 anos, chegou ao tribunal de “rosto sereno”, como descreve a agência AFP, acompanhado pelos seus dois advogados polacos e sem fazer declarações. A imprensa não foi autorizada a assistir à audiência, mas a Associated Press precisa então que o juiz Dariusz Mazur não decidiu ainda sobre o pedido de extradição. Mazur diz precisar de tempo para estudar a documentação em causa, que chegou esta semana da Suíça, onde um outro julgamento declinou a extradição de Polanski em 2010.

De acordo com a porta-voz do tribunal, Grazyna Rokita, citada pela mesma agência de notícias norte-americana, foi agendada nova audiência, provavelmente para Abril.

Este pedido de extradição existe porque em 1977 Polanski se declarou culpado de ter tido relações sexuais com Samantha Geimer, uma adolescente de 13 anos, durante uma sessão fotográfica em Los Angeles. Polanski foi condenado à revelia em 1978 por um tribunal de Los Angeles. Passou 42 dias na prisão. Fugiu dos Estados Unidos no ano seguinte por temer voltar para a prisão. Nunca mais voltou aos EUA, nem mesmo para receber o óscar de Melhor Filme por O Pianista em 2003.

Roman Polanski encontra-se na Polónia a rodar o seu próximo filme. Em Outubro, a justiça polaca tinha recusado um pedido de detenção feito pelos Estados Unidos, mas decidiu analisar o pedido de extradição do realizador.

Agora, se o juiz polaco rejeitar o pedido de extradição de Polanski, o caso relativo a este pedido ficará encerrado. Mas segundo a Associated Press, se o juiz deferir o mesmo pedido, a decisão final sobre o destino do realizador será tomada pelo ministro da Justiça polaco.

Roman Polanski foi criado em Cracóvia e é muito admirado na Polónia, apesar de a sua principal residência ser em França – nasceu em Paris. Vários analistas polacos e correspondentes de meios de comunicação naquele país acreditam ser pouco provável que o pedido de extradição seja aceite.

Já em Setembro de 2009 o realizador foi detido em Zurique a pedido das autoridades norte-americanas, onde permaneceu sob prisão domiciliária (em Gstaad) até Julho de 2010, quando o Governo suíço rejeitou o pedido de extradição.

Em 2013, Samantha Geimer escreveu com o seu advogado um livro dedicado à tarde de 10 de Março de 1977 em que Polanski, relata, lhe terá dado champanhe e barbitúricos antes de forçar relações sexuais com a adolescente numa sessão fotográfica para a revista Vogue em casa do actor Jack Nicholson. Geimer, hoje com 51 anos, disse já que perdoou o realizador de Chinatown

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