OK Ciao

O conhecimento imperfeito ou ignorante das expressões estrangeiras, por muito simples e fáceis de perceber que sejam, leva sempre aos maiores desastres.

Quanto mais o OK americano se ouve, mal pronunciado e colocado, no Reino Unido, na Irlanda e na Europa em geral, incluindo um bocado cada vez maior de Portugal, mais se aprecia a graça cultural dos americanos quando o utilizam.

Em Portugal, OK é dito com resignação, como "está bem, pronto" ou "seja então como tu estupidamente queres". Nos EUA OK vai do whatever ao muito bom, acabando com uma aprovação com ponto de exclamação.

Em Portugal, OK nunca tem direito a um ponto de exclamação. Pelo contrário, tem sempre reticências. Ou não...

O conhecimento imperfeito ou ignorante das expressões estrangeiras (para não falar, ainda mais deprimentemente, das expressões portuguesas que cada vez menos portugueses percebem), por muito simples e fáceis de perceber que sejam, leva sempre aos maiores desastres.

O maior desastre é não saber o que se diz. É pensar (erradamente) que se sabe o que se diz, ou, pior ainda, não fazer a mínima ideia do que se diz, mas pensando (erradamente) que quem nos ouve também ainda sabe menos.

Os nossos OK, tal como os nossos tchaus de despedida, não devem ser vistos como empobrecimentos da língua portuguesa. Pelo contrário, celebram a hospitalidade, a abertura e a segurança da nossa língua.

Mas têm uma função muito mais valiosa: devolvem aos utilizadores originais do OK a habilidade e a pertença não só das duas letras (ou sílabas) como a autoria, a elegância e a competência para usá-las com a graça e a exuberância que merecem.

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