Felizes 90 anos

Se não quiser assinar a New Yorker (eu cá não perdi uma única revista) procure e compre a magnífica nonagésima edição.

Saiu na segunda-feira a nonagésima New Yorker. A New Yorker fez 90 anos. É uma dupla, e excelente edição. Esta última vírgula (,dita Oxford comma) é escusada antes de "e" (a não ser em casos extremos) mas escrevi-a para honrar o estilo de pontuação da revista, que odeio com uma paixão inexplicável, e suspeita.

Há décadas que a New Yorker não publicava um número que levasse mais de duas horas a ler interessadamente. David Remnick, obcecado pelo boxe e por Obama, tem sido um péssimo director. É um bom repórter, apesar de fingir um estilo ensaístico, que jamais terá, por ser cem por cento observador e zero por cento escritor.

Leio a New Yorker, todas as semanas, desde que aprendi a ler. Antes disso recortava e colava os desenhos e as páginas de publicidade. Antes da Internet paguei fortunas para receber ou comprar cada exemplar que saíu.

Na edição iPad da nonagésimo New Yorker a capa com Eustace Tilley vai-se alterando animadamente segundo os muitos leitores diferentes (mas afinal iguais) que gostaria de ter adquirido mas nunca adquiriu: desde os hippies dos anos 60 aos hipsters de 2015, passando pelos punks dos anos 70 que também nunca teve.

Se não quiser assinar a New Yorker (eu cá não perdi uma única revista) procure e compre a magnífica nonagésima edição. O melhor texto é o de Ian Frazier (que explica o genial Irving Berlin) mas o segundo-melhor é de Mary Norris, explicando comoventemente a política de revisão de textos da New Yorker.

Viva!

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