Negociações com a Grécia “num momento crítico”

Ministro das Finanças inglês apela à Europa que escolha “a competência, e não o caos”. Grécia diz não aceitar ultimato do Eurogrupo "nem com pistola apontada à cabeça".

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Varoufakis e Dijsselbloem à chegada à reunião desta terça-feira do Ecofin AFP/Emmanuel Dunand

George Osborne, ministro das Finanças britânico, falou aos jornalistas antes de entrar para a reunião dos ministros das Finanças da União Europeia (UE) que decorre nesta terça-feira em Bruxelas.

“Chegámos a um momento crítico para a Grécia e para a zona euro e estou aqui para pedir a todas as partes que cheguem a um acordo”, declarou Osborne, que como ministro de um país que não faz parte da zona euro não participou na reunião do Eurogrupo de segunda-feira. Alertou ainda para “consequências severas sobre a economia e a estabilidade financeira” caso não se chegue a um consenso.

Posições mantêm-se
No entanto, as declarações de Jeroen Dijsselbloem e Yanis Varoufakis, que também falaram pela manhã, confirmam que tanto a Grécia como os seus parceiros da zona euro parecem manter as suas posições divergentes.

O ministro das Finanças holandês insistiu que cabe aos gregos dar o primeiro passo para que as negociações continuem. “Espero que eles peçam uma extensão do programa, e quando o fizerem podemos permitir alguma flexibilidade dentro do programa”, mas tudo “depende realmente dos gregos.”

Interrogado sobre o que aconteceria se a Grécia se recusasse a pedir uma tal extensão, disse que não responde a “perguntas hipotéticas”. “Apenas vos digo o que julgo que seria sensato”, disse Dijsselbloem.

Também não confirmou a existência de um texto de conclusões alternativas que teria sido apresentado pelo comissário Pierre Moscovici a Varoufakis, e que este disse ontem estar pronto a assinar. “Todos os drafts que causaram tanta excitação estão agora suspensos, e vão ficar assim enquanto não concordarmos na maneira de prosseguir”, declarou Dijsselbloem, citado pela Reuters.

Na conferência de imprensa depois do Eurogrupo de segunda-feira, Yanis Varoufakis acusou Dijsselbloem de ter chegado com uma versão alterada e “inaceitável” do texto pouco antes da reunião do Eurogrupo começar, e as duas versões têm circulado no Twitter.

O ministro espanhol, Luís de Guindos, também se recusou secamente a falar desse documento que seria aceitável para os gregos. “Não vi absolutamente nada, não sei de que documento se trata, e por isso não posso comentá-lo.”

Gregos irredutíveis
Varoufakis também não mudou o seu discurso desde ontem, mantendo-se optimista ao afirmar que “o próximo passo é o passo responsável. A Europa vai continuar a deliberar para aumentar as hipóteses de chegar a um bom acordo”.

Já em Atenas, o discurso era mais duro. O porta-voz do Governo grego, Gavriil Sakelaridis, rejeitou nesta terça-feira o ultimato imposto pelo Eurogrupo e assegurou que o país "não vai pedir um prolongamento do memorando nem com uma pistola apontada à cabeça".

"O Governo não se deixa chantagear com ultimatos", disse Sakelaridis em declarações à cadeia privada de televisão Mega, aludindo ao prazo dado até sexta-feira pelo chefe do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, para a Grécia assinar um prolongamento do acordo vigente, se quer continuar a receber ajuda dos seus parceiros.

Sakelaridis insistiu que "o Governo grego comprometeu-se a chegar a um acordo mutuamente benéfico" e demonstrou que está à procura de "um terreno comum para dar uma solução comum".

Na agenda da reunião do Ecofin desta terça-feira estão o plano de investimento e a proposta de um Fundo Europeu de Investimento Estratégico (FEIE), as prioridades para o orçamento da UE 2016 e o G20 de ministros das Finanças que teve lugar em Istambul a 9 e 10 de Fevereiro. A situação do programa grego, que é da competência do Eurogrupo, não está agendada, mas deverá sem dúvida ser debatida, depois da zona euro ter lançado um ultimato à Grécia para que solicite a extensão do programa de assistência financeira até sexta-feira.

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