Quando duas linhas vermelhas se cruzam

Grécia e a zona euro ainda têm um longo caminho pela frente. Mas o tempo começa a escassear.

A reunião-relâmpago do Eurogrupo desta segunda-feira mostrou uma Grécia cada vez mais isolada da zona euro. Ainda antes da reunião poucos acreditavam numa solução de compromisso. O alemão Wolfgang Schäuble dizia estar “muito céptico” e o espanhol De Guindos traçava "duas linhas vermelhas": a Grécia tem de respeitar as regras do euro e tem de comprometer-se em pagar os empréstimos que contraiu. No mesmo dia, Yanis Varoufakis assinava um artigo de opinião no The New York Times onde escrevia que “as linhas que apresentámos como vermelhas não serão atravessadas”. Como as linhas de De Guindos se sobrepõem à linha de Varoufakis seria uma impossibilidade a existência de um acordo no eurogrupo.

Os ministros das Finanças do euro deram à Grécia um prazo até ao final deste semana para que o país peça um prolongamento do actual programa de resgate, coisa que Alexis Tsipras nem quer ouvir falar. Quando muito a Grécia aceita um programa de transição, até se conseguir encontrar uma solução de longo prazo. Ou seja, aqui não se trata de limar arestas, mas sim de encontrar um ponto de partida comum, que seja minimamente coincidente.

O Eurogrupo já deu a entender que estará disponível para reunir novamente esta sexta-feira, mas a iniciativa terá sempre de partir da Grécia. Ou seja, os gregos terão de dar um passo atrás se quiserem encontrar o Eurogrupo mais à frente. Caso contrário entramos numa situação de impasse e os ponteiros do relógio não estão a andar a favor da Grécia. Varoufakis e Tsipras sabem que o dinheiro de emergência do Banco Central Europeu não é eterno e que há dívida a vencer e que terá de ser paga. Ambos os lados já não vão conseguir mais esticar a corda ou fazer bluff nas negociações. Chegámos a um ponto onde alguém terá de ceder, e muito.

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