Reunião do Eurogrupo sobre a Grécia envolta em pessimismo

Acordo só pode passar por extensão do programa actual, afirmam ministros das Finanças da zona euro.

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Schäuble com o presidente do Eurogrupo François Lenoir/Reuters
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"Enquanto o Governo grego não quiser nenhum programa, não preciso de pensar em opções”, respondeu Schäuble. Emmanuel Dunand/AFP

Com a reunião do Eurogrupo já a decorrer em Bruxelas, há poucas razões para estar optimista que um acordo possa ser encontrado esta segunda-feira sobre o futuro do programa de resgate à Grécia.

O dia começou logo com Wolfgang Schäuble a qualificar o Governo grego como “irresponsável”.

"Tenho pena dos cidadãos gregos. Elegeram um Governo que de momento se comporta de uma forma bastante irresponsável", disse o ministro das Finanças alemão nesta segunda-feira de manhã numa entrevista à rádio Deutschlandfunk.

À entrada da reunião do Eurogrupo, e apesar das discussões a nível técnico que tiveram lugar este fim-de-semana entre o Governo grego e a Comissão Europeia, reafirmou estar “muito céptico”.

“Até agora tudo o que ouvi não reforçou o meu optimismo. Parece que ainda não temos resultados.”

Interrogado sobre se estaria em cima da mesa uma extensão do programa actual ou um novo programa, colocou as responsabilidades claramente do lado dos gregos.

“Enquanto o Governo grego não quiser nenhum programa, não preciso de pensar em opções”, respondeu Schäuble.

O ministro irlandês Patrick Noonan também se mostrou pessimista, declarando que “nada do que aconteceu este fim-de-semana pode ser descrito como um avanço”, afirmando, no entanto, que a maioria dos países europeus “estariam prontos a aceitar um pedido de extensão do programa”, se tal viesse a ser solicitado por Atenas. Também referiu que no grupo de trabalho de manhã, foi levantada a hipótese dos ministros das finanças voltarem a reunir-se nesta sexta-feira.

Já Luís De Guindos reiterou que Espanha vem com uma “linha vermelha”: "os empréstimos têm de ser reembolsados”, explicitou o ministro espanhol. Espanha recusa não recuperar a totalidade dos 26 mil milhões de euros que emprestou à Grécia, e tem sido um dos países com posições mais duras relativamente à vontade do novo Governo grego de renegociar a sua dívida.

As poucas vozes que exprimiram algum optimismo para a reunião de hoje foram francesas. Primeiro foi o ministro das Finanças, Michel Sapin, citado pela AFP, para quem o objectivo para esta reunião é  “chegar a um acordo”, excluindo, no entanto, começar a trabalhar sobre um novo programa para a Grécia.

“Penso que a boa solução é uma extensão do programa actual, em condições que respeitem os compromissos e o programa do novo Governo”, declarou Sapin à entrada da reunião.

Também o comissário europeu para os Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, declarou que um “bom” acordo pode ser obtido hoje, “que abra uma nova fase entre a Grécia e a União Europeia”. Acrescentou que “qualquer outro cenário é especulativo.”

Yanis Varoufakis, que chegou ligeiramente atrasado e não prestou declarações à entrada da reunião, publicou um artigo de opinião no New York Times em que avisa que o Governo grego não está a fazer “bluff” e não transporá as suas próprias “linhas vermelhas”.

“Seria um erro pensar nas deliberações actuais entre a Grécia e os nossos parceiros como um jogo que pode ser ganho ou perdido através de “bluffs” ou subterfúgios tácticos” escreveu Varoufakis.

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