Jafar Panahi lamenta que Taxi não possa ser exibido no Irão

O cineasta iraniano que venceu o festival de Berlim falou este domingo sobre o prémio e a situação do cinema no seu país.

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Jafar Panahi em Teerão em 2010

O realizador iraniano Jafar Panahi, que recebeu no sábado à noite o principal galardão do festival de cinema de Berlim, o Urso de Ouro, pelo seu filme Taxi, afirmou este domingo que se sentia contente, mas apenas parcialmente.

“Estou muito feliz por mim e pelo cinema iraniano, mas nenhum prémio apaga o facto dos meus compatriotas não poderem ver os meus filmes”, declarou à agência semioficial Ilna, citado pela AFP, numa entrevista rara a um meio de comunicação iraniano. “Há muitos anos que a cena artística é politizada, especialmente o cinema”, denunciou.

O principal laureado da 65º edição do festival de Berlim criticou os responsáveis pela Organização de Cinema, uma instância dependente do Ministério da Cultura iraniano, de deixar “a política enclausurar o cinema entre muros altos”.

Jafar Panahi foi preso em Março de 2010 quando preparava um filme sobre as manifestações contra a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, sendo condenado e interditado de viajar e fazer filmes durante 20 anos, por “propaganda contra o regime.” Apesar disso, depois dessas ocorrências, já filmou por três vezes. Taxi é o terceiro da série de “filmes escondidos” do iraniano, que começou com This Is Not a Film e Behind the Curtain.

O realizador também denunciou as acusações contra ele, e os cineastas da sua geração, considerados subversivos, porque evocam e retratam a realidade social. “As pessoas no poder acusam-nos de fazermos filmes para os festivais estrangeiros. Escondem-se atrás dos muros da política e não são capazes de dizer porque é que os nossos filmes nunca têm autorização para serem difundidos nos cinemas iranianos”, disse o cineasta.

Na mesma entrevista assegurou ter proposto a Hoyatolla Ayubi, director da Organização do Cinema, que se o seu filme Taxi fosse exibido no festival Fajr, que se realizou em Teerão no início de Fevereiro, renunciaria à competição de Berlim.

Nada disso aconteceu. Aliás numa carta tornada pública a 8 de Fevereiro, Ayubi, viria a manifestar-se, junto dos organizadores do festival de Berlim, contra a politização do festival.

 

 

 

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