Tsipras diz ao Eurogrupo que quer tempo, não dinheiro

Primeiro-ministro insiste na negociação dos prazos e nas suas próprias reformas. Em Atenas e noutras capitais europeias, os cidadãos manifestaram-se em apoio aos gregos.

Alexei Tsipras dia que as negociações vão ser difíceis
Fotogaleria
Alexis Tsipras diz que as negociações vão ser difíceis Reuters
Fotogaleria
Manifestação em Paris de apoio aos gregos LOIC VENANCE/AFP
Fotogaleria
Na marcha francesa participaram cerca de duas mil pessoas LOIC VENANCE/AFP
Fotogaleria
Cartazes em inglês, contra Merkel, nas ruas de Atenas Yannis Behrakis/Reuters
Fotogaleria
Bandeiras espanhola, portuguesa e grega nas ruas de Atenas Yannis Behrakis/Reuters

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, está "confiante" quanto à reunião de segunda-feira com o Eurogrupo. "Esperam-me negociações difíceis na segunda-feira. Mas estou confiante" quanto à possível obtenção de um acordo, disse numa entrevista à revista alemã Stern.

"Nós não queremos mais pacotes de ajuda. (...) Em vez de dinheiro, precisamos de tempo para aplicar os planos de reformas. Prometo-vos: depois disso, em seis meses a Grécia será outro país".

Nesta segunda-feira realiza-se a reunião dos 19 ministros das Finanças do Eurogrupo. O novo Governo grego quer romper com o programa de ajuda imposto à Grécia desde há cinco anos pela União Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional, que teve pesadas consequências na vida da população.

 "Pretendo uma solução 'vencedor-vencedor'. Quero salvar a Grécia de uma tragédia e preservar a Europa de uma divisão", disse Tsipras à revista que publicou um excerto da entrevista na sua edição online.

O primeiro-ministro grego aproveitou para se dissociar de uma caricatura publicada no jornal grego Avgi, próximo do seu partido, o Syriza, que mostra o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble em uniforme nazi e a dizer que vai "fazer sabão" com os gregos e "fertilizante das cinzas" dos gregos, referências claras aos campos de concentração. O desenho foi considerado "abjecto" pelo Governo de Berlim. "Não aprovo. É muito infeliz", disse Tsipras.

"A nossa posição é forte e vai conduzir a um acordo, mesmo que seja no último minuto", disse o ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, numa entrevista também divulgada neste domingo.

Manifestações de apoio aos gregos
Perto de 18 mil gregos manifestaram-se neste domingo em Atenas em apoio ao Governo de Alexis Tsipras. Em  Salónica, a segunda maior cidade do país, foram oito mil.

Théodora, uma desempregada de 58 anos ouvida pela AFP, declarou que os gregos querem "justiça aqui e agora". "Deve-nos ser feita justiça pelo sofrimento suportado pela Grécia nos últimos cinco anos", disse, na praça Syntagma, em Atenas.

Os manifestantes seguravam faixas onde se podia ler "Acabem com a austeridade na Grécia e na Europa" e "Acabem com a Merkel, tentem a democracia".

Noutras capitais europeias realizaram-se também concentrações de apoio aos gregos. Em Paris pelo menos duas mil pessoas pronunciaram-se contra aquilo que apelidaram de "o Golias das Finanças". A marcha foi convocada por sindicatos e organizações de extrema-esquerda que pediram aos apoiantes para levarem bandeiras do Syriza (partido do primeiro-ministro grego). "Na Grécia, em França, resistir contra a austeridade e a finança", gritaram.

Também em Lisboa centenas de manifestantes concentraram-se no Largo Camões, em Lisboa, em solidariedade com a Grécia, exibindo bandeiras, cartazes e faixas com frases como "Juntos contra a Troika", em português e em grego, ou "O medo mudou de lado".

 

Sugerir correcção
Ler 14 comentários