Sete cientistas portugueses, quase 14 milhões de euros de bolsas europeias

O sistema imunitário, os fungos, a sépsis ou as equações de Einstein estão entre os temas dos projectos agora financiados pelo Conselho Europeu de Investigação.

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João Barata, investigador do Instituto de Medicina Molecular, em Lisboa DR
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Henrique Veiga Fernandes, investigador do Instituto de Medicina Molecular DR
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Bruno Silva-Santos, investigador do Instituto de Medicina Molecular DR
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Cristina Silva Pereira, investigadora do Instituto de Tecnologia Química e Biológica, em Oeiras DR
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Luis Moita, do Instituto Gulbenkian de Ciência, em Oeiras DR

Ao todo, sete portugueses já ganharam este ano bolsas do Conselho Europeu de Investigação (ERC, na sigla em inglês), que, todas somadas, ascendem a 13,9 milhões de euros. Cinco das bolsas, divulgadas esta semana, são na área das ciências da saúde, e as restantes duas, conhecidas há cerca de uma semana, são na área da física e engenharia dos materiais.

Se Isabel Ferreira, engenheira de materiais da Universidade Nova de Lisboa, vai ter dois milhões de euros para desenvolver um dispositivo que transforme o calor e a luz ambientais em electricidade, Vítor Cardoso, astrofísico do Instituto Superior Técnico, obteve 1,6 milhões de euros para aprofundar o estudo das equações de Einstein, incluindo os segredos sobre os buracos negros. A estas duas bolsas juntam-se agora as de outros cinco cientistas, que obtiveram, cada um, cerca de dois milhões de euros do ERC para trabalhar em projectos na área da biomedicina, divulgou na quinta-feira a Fundação para a Ciência e a Tecnologia em comunicado.

Bruno Silva Santos, do Instituto de Medicina Molecular (IMM), em Lisboa, é um dos cinco cientistas. No seu projecto, que recebeu dois milhões de euros, irá estudar as citocinas: moléculas essenciais na resposta do sistema imunitário às infecções causadas por vírus, bactérias, fungos e parasitas. Mais precisamente, Bruno Silva Santos pretende compreender o papel dos microARN – pequenos pedaços de material genético que controlam a actividade dos genes – “na produção de substâncias [citocinas] altamente inflamatórias”, explica o cientista, citado num comunicado conjunto do IMM, do Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB) e do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), estes dois últimos em Oeiras. O projecto de Bruno Silva Santos poderá “abrir novos horizontes em estratégias de vacinação”, segundo o comunicado.

Já Henrique Veiga Fernandes, outro investigador principal do IMM, obteve 2,3 milhões de euros para estudar a inflamação nos intestinos. “O nosso trabalho revelará novos processos e alvos terapêuticos em doenças inflamatórias, infecciosas e tumorais no intestino”, explica o cientista, citado no mesmo comunicado.

O terceiro cientista do IMM a receber financiamento foi João Barata, investigador principal de um grupo na área da fisiologia e endocrinologia. O projecto, de dois milhões de euros, centra-se no estudo da molécula IL-7, que se liga à superfície de células do sistema imunitário, e da sua importância no desenvolvimento do cancro. Esta substância circula no sangue e está presente em órgãos como a medula óssea e o timo. “Queremos entender os mecanismos através dos quais a IL-7 e o seu receptor podem transformar células normais e fazer com que se tornem malignas”, diz o investigador, também no comunicado.

No ITQB, Cristina Silva Pereira recebeu cerca de dois milhões de euros para desenvolver substâncias antifúngicas utilizando poliésteres vegetais. Os poliésteres, que são um tipo de polímeros, desempenham nas plantas uma função semelhante à epiderme humana. A investigadora quer usar as propriedades antimicrobianas destes poliésteres para lutar contra os fungos que causam doenças: “Os fungos como agentes patogénicos têm sido largamente ignorados, mas as infecções fúngicas são um problema de saúde pública global, que provoca tantas mortes por ano como a malária e a tuberculose.”

Por fim, Luís Ferreira Moita, do IGC, vai receber dois milhões de euros para estudar formas de proteger as células contra a sépsis. Na origem da sépsis podem estar vários microorganismos, que provocam uma infecção e uma resposta inflamatória por todo o corpo. Esta resposta é tão forte que pode levar à falência de vários órgãos. “A sépsis grave continua a ser uma condição inflamatória sistémica que não compreendemos bem, apresentando altas taxas de mortalidade e com opções terapêuticas limitadas”, explica Luís Moita.

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