Marcelo elogia “boa decisão” de Santana adiar para Outubro anúncio sobre presidenciais

Antigo líder do PSD admite que candidaturas presidenciais antes das legislativas podem prejudicar os partidos nas legislativas.

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Marcelo quer a economia a crescer Sérgio Azenha

Marcelo Rebelo de Sousa não sabe se Pedro Santana Lopes ouviu o seu conselho, mas considera uma “boa decisão” que o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tenha adiado para Outubro, depois das eleições legislativas, o anúncio sobre uma eventual candidatura às presidenciais.

“Acho que foi uma boa mudança [de timing de Santana Lopes]. Eu sempre defendi que Outubro era a altura adequada e penso que Pedro Santana Lopes pensou bem quando compreendeu que Outubro era a altura adequada para, depois das legislativas, se perfilarem os candidatos presidenciais. Foi uma boa decisão”, respondeu o antigo líder do PSD, professor universitário e comentador político, quando questionado pelos jornalistas no final de um colóquio sobre financiamento das campanhas políticas, que decorreu no Tribunal Constitucional para assinalar os 10 anos da Entidades das Contas e Financiamentos Políticos.

Santana Lopes havia prometido para o início da Primavera a revelação sobre se avança ou não como candidato presidencial, mas entretanto o timing pós-eleitoral começou a fazer escola entre alguns dos presidenciáveis. E o também antigo líder do PSD acabou por rever o seu calendário na passada terça-feira, adiando para Outubro.

Questionado pelo PÚBLICO, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que os principais partidos podem ser prejudicados nas legislativas pelos nomes que se adiantarem para as presidenciais.

“Eu acho que os potenciais candidatos - ou aqueles de que se fala de podem ser candidatos - já notaram isso. Nenhum deles deu sinal de avançar. Nem à esquerda – falou-se de Sampaio da Nóvoa, de Carvalho da Silva, de António Guterres, fala-se agora de António Vitorino, falou agora a eurodeputada Ana Gomes sobre Maria de Belém Roseira. São vários e não vi nenhum deles a dar nenhum sinal em termos de pré-candidatura.”

O jurista lembra que o mesmo se passa à direita: “Na mesma semana, Pedro Santana Lopes vem reconhecer que Outubro é o tempo adequado, Rui Rio vem reconhecer que este não é o tempo adequado. Portanto, tanto à direita como à esquerda – e isto são apenas alguns exemplos -, as pessoas têm a noção de que há tanta coisa que pode mudar que não faz sentido avançar para depois recuar, para andar a fazer pré-campanhas que não fazem sentido.”

Questionado sobre se o facto de António Guterres não se candidatar torna mais fácil a Marcelo equacionar a hipótese de avançar, o jurista preferiu responder ao lado. “Até Outubro, o mundo dá voltas, a Europa dá voltas, Portugal dá voltas. As legislativas ainda estão antes do começo. António Costa ainda não avançou com as ideias, a coligação ainda não avançou com a coligação. Há tanta coisa por definir daqui até Outubro, como é que podemos saber como é que vai ser em Outubro ou Novembro?”

É, portanto, “uma questão totalmente prematura” poder falar em Marcelo candidato se, por exemplo, o PS ganhar as legislativas – o que poderia ser um incentivo reforçado para o social-democrata concorrer a Belém. “Estamos numa fase em que há ainda coisas tão importantes para decidir no país e na Europa, com a Grécia, e no mundo, que mesmo em relação às legislativas não há uma imagem clara de qual é o resultado final e que Governo há-de sair. Muito menos candidatos para as presidenciais…”

Mas mostrou ser bom conhecedor do calendário: “Se as eleições presidenciais forem no final de Janeiro, isso significa que as candidaturas podem ser apresentadas até ao Natal, 24 ou 23 de Dezembro. É uma eternidade.” E fez questão de vincar que “não se preocupa minimamente” com o assunto das presidenciais. “Antes de Outubro não faz sentido”, insistiu.

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