Escolhida a nova administração da RTP, CGI quer “calar-se”

Ouvido no Parlamento, António Feijó, presidente do Conselho Geral Independente, defendeu a escolha da nova administração da empresa pública, que representa uma “mudança geracional”.

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Gonçalo Reis, Nuno Artur Silva e António Feijó hoje no Parlamento Daniel Rocha

O presidente do Conselho Geral Independente da RTP defendeu nesta quarta-feira no Parlamento que, depois de ter escolhido os membros da nova administração da empresa pública, aquele órgão deve “calar-se e desaparecer e voltar ao anonimato de onde nunca quis sair”.

António Feijó falava perante os deputados da Comissão para a Ética, Cidadania e a Comunicação sobre a escolha de Gonçalo Reis (presidente), Nuno Artur Silva (administrador com o pelouro dos conteúdos) e Cristina Tomé (administradora financeira). O presidente do órgão de fiscalização e supervisão argumentou que o funcionamento da empresa “é agora com a administração e com os seus trabalhadores”, devendo o CGI cingir-se às suas funções de supervisão e fiscalização.

“A nossa posição é que deixamos de ter importância pública directa neste processo e que agora se passa tudo na empresa”, defendeu António Feijó. O CGI da RTP ganhou protagonismo há dois meses quando chumbou o plano estratégico da empresa.

O presidente do CGI lembrou que essas funções se exercem “de modo preciso” e explícito na lei, através de fiscalizações semestrais e anuais. Feijó acrescentou que já foi acertado com a administração nomeada que haverá reuniões mensais entre os dois órgãos.

António Feijó recusou comentar as acusações feitas pela equipa liderada por Alberto da Ponte sobre a falta de independência dos membros do CGI, assim como os auto-elogios que esta administração fez numa carta aberta há poucos dias. Nela, por exemplo, Alberto da Ponte assacava para a sua equipa a responsabilidade pela redução de custos na ordem de 94 milhões de euros, quando na verdade dois terços dessa poupança foram realizados pela equipa que o precedeu, liderada por Guilherme Costa, que exerceu funções até ao final do Verão de 2012, e a uma queda das taxas de juro dos empréstimos que a empresa tem.

Sobre os nomes escolhidos, António Feijó contou que os membros do CGI elaboraram uma lista com pressupostos e perfil que os futuros administradores deveriam preencher e só depois foi composta uma lista com nomes.

“Quisemos escolher pessoas que implicassem uma mudança geracional – estão todos na casa dos 40 anos – que tivessem um conhecimento mais ou menos aprofundado do sector. É notório que duas delas [Gonçalo Reis e Nuno Artur Silva] têm um conhecimento muito aprofundado do sector, descreveu António Feijó. “A terceira condição é a qualidade técnica profissional e o CGI está completamente confortado com o currículo profissional das três pessoas envolvidas”, garantiu o presidente.

Confrontado com críticas de vários partidos sobre o facto de Gonçalo Reis ter sido, embora por pouco tempo, deputado do PSD, e de Nuno Artur Silva ter participado numa campanha eleitoral do PS, António Feijó replicou que “todos os nomes” que o CGI inscrevera numa lista inicial “tinham todo o tipo de origem política”.

António Feijó rejeitou qualquer intervenção do Governo no processo de escolha dos nomes, recusou que a composição da administração “seja uma espécie de reprodução do arco da governabilidade” e defendeu a independência dos membros do órgão de supervisão do serviço público. Acrescentou que se fossem escolhidos dois nomes do PS, o CGI seria acusado de estar a “preparar um cenário de vitória do PS nas próximas eleições”, e que se saíssem do arco da governabilidade se diria que estavam a “tirar o tapete ao ministro da tutela”.

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