Londres diz que impasse entre a Grécia e a UE ameaça economia mundial

Ministro das Finanças grego foi recebido por homólogo britânico antes de encontro com bancos e credores na City de Londres.

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Yanis Varoufakis e George Osborne Peter Nicholls/Reuters

Foi um encontro breve e sem direito a declarações no final, mas já depois de se despedir do seu homólogo grego o ministro das Finanças britânico deu a entender que a reunião decorreu num clima de pouco optimismo. “Tivemos uma discussão construtiva, mas é evidente que o impasse entre a Grécia e a zona euro é a principal ameaça à economia global”, afirmou George Osborne.

O ministro revelou ainda ter pedido a Yanis Varoufakis que “aja de forma responsável” nos seus contactos e negociações com os parceiros europeus, mas sublinhou que “é igualmente importante que a zona euro tenha um plano melhor para gerar empregos e crescimento”. O ressurgimento da crise grega “é uma ameaça crescente para a economia britânica". "Temos que garantir que tanto na Europa como no Reino Unido escolhemos a competência e não o caos”, acrescentou Osborne.

O Reino Unido não pertence à zona euro, mas a importância estratégica da sua praça financeira e a influência da sua imprensa económica têm um grande peso no contexto económico europeu. Razão mais do que suficiente para ter sido escolhido como segunda etapa da ronda que Varoufakis realiza esta semana para convencer as capitais europeias da necessidade de a Grécia renegociar a sua dívida pública.

Varoufakis saiu do n.º11 de Downing Street evitando as perguntas dos jornalistas, mas tem para esta tarde um encontro na City de Londres com uma centena de bancos e grandes investidores. Uma fonte da delegação grega, citada pela agência de notícias, adiantou que o ministro grego pretende tranquilizar os interlocutores, garantindo-lhes que Atenas pretende cumprir os seus compromissos “em termos que não tenham um impacto prejudicial para os credores, em especial os privados”. “A mensagem é que estamos abertos ao investimento e que as pessoas devem ouvir o ministro das Finanças, que tem a absoluta confiança do primeiro-ministro, e não o ruído vindo de outras direcções”, acrescentou a mesma fonte.

A mesma mensagem apaziguadora foi deixada pelo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, na breve visita a Chipre, a primeira deslocação internacional desde que tomou posse, há uma semana. Questionado sobre se planeia pedir ajuda à Rússia, o líder do Syriza afirmou que “a única questão em cima da mesa” é a renegociação da dívida com os países da zona euro. “Estamos envolvidos em negociações substanciais com os nossos parceiros europeus e com aqueles que nos emprestaram dinheiro, em relação aos quais temos obrigações”, afirmou.

Tsipras voltou, no entanto, a avisar que colocar a dívida grega em níveis sustentáveis não deve ser uma preocupação exclusiva de Atenas, sublinhando que a saída do país da zona euro teria consequências muito graves. “Tanto a UE como a zona euro vão desmembrar-se ao longo do seu flanco sudeste sem a Grécia e Chipre”, declarou, referindo-se ao igualmente rigoroso plano imposto a Nicósia em troca de um empréstimo internacional.

Numa entrevista à agência Reuters, o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, repetiu que não vão ser aceites “alterações unilaterais ao programa” da Grécia. O país fez mais progressos “do que a maioria das pessoas pensavam ser possíveis”, disse Schäuble: “Queremos que a Grécia continue este caminho que está a ter sucesso.”

O ministro notou ainda que na Alemanha o apoio público ao euro estava a diminuir. “Temos de ver o perigo, não há dúvida sobre isso.”

Tsipras disse no sábado que a Grécia não quer agir de modo unilateral em relação à dívida, desejando sim um acordo no âmbito da União Europeia “que seja benéfico para todos”. 

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