Sundance premeia dois amigos e uma rapariga doente

Pelo terceiro ano consecutivo, júri e público concordam no melhor filme do festival – em 2015 foi Me and Earl and the Dying Girl.

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Me and Earl and the Dying Girl, do realizador Alfonso Gomez-Rejon, venceu o mais importante prémio do Festival de Sundance e também foi a escolha do público do festival de cinema independente norte-americano. Segue assim o mesmo caminho que Whiplash – Nos Limites e Fruitvale Station – A Última Paragem, que nos últimos dois anos receberam o duplo reconhecimento em Sundance – o primeiro está agora nomeado o Óscar de Melhor Filme e o último teve o melhor realizador na secção Un Certain Regard de Cannes.

O filme vencedor, sobre dois amigos de liceu e a sua relação com uma colega que sofre de leucemia, foi muito bem recebido quando foi exibido no festival de Park City, no Utah, e além da ovação em pé de vários minutos, como descreve o New York Times, no final da sua estreia, foi muito disputado pelos distribuidores. A segunda longa-metragem de um realizador que trabalhou em TV e que foi assistente de realizador em Argo ou Babel acabou por ser arrematado pela Fox Searchlight.

“Este filme é sobre processar a perda e celebrar uma vida bela e um homem belo”, disse o realizador ao receber o Grande Prémio do Júri na categoria de filme dramático norte-americano – o filme é dedicado ao seu pai. Me and Earl and the Dying Girl utiliza vários recursos, como a animação, para contar a sua história, que oscila entre a comédia e o drama e, segundo o Los Angeles Times, está recheado de referências da cultura popular. A sua vitória perante os jurados e a audiência é reforçada pela sua concorrência, visto que este foi considerado, nota a Variety, um dos anos mais fortes na competição pelo título de melhor filme norte-americano.

O prémio do júri para melhor realizador na competição para melhor filme dramático dos EUA foi para Robert Eggers por The Witch, outro dos favoritos da colheita Sundance 2015. É um primeiro filme, de terror, passado em New England no século XVII, povoado por espíritos e exorcismos na era colonial e puritana.

Nos filmes estrangeiros, os prémios foram para Slow West, de John Maclean e com Michael Fassbender, o guarda-costas de um jovem (Kodi-Smit McPhee) durante a Guerra Civil Americana – a escolha do júri –, e para o indiano Umrika, de Prashant Nair, um drama familiar sobre imigração passado numa aldeia pobre do norte do país. A realizadora galardoada nesta secção foi a lituana Alante Kavaite, por The Summer of Sangaile, uma história de amor adolescente.

Este ano, não foram entregues quaisquer prémios de interpretação na categoria de filmes dramáticos norte-americanos, e alguns favoritos, como Dope ou Diary of a Teenage Girl, acabaram por constar no palmarés com apenas um prémio cada um, e em categorias técnicas (montagem e fotografia, respectivamente).

Documentários entre a Ucrânia e Gales

No documentário, o júri da 31.ª edição do Festival de Sundance escolheu entre os títulos americanos The Wolfpack, da realizadora Crystal Moselle. Seis irmãos nova-iorquinos cresceram aprisionados no apartamento do seu pai no Lower East Side de Manhattan, tendo como único escape e vislumbre do mundo exterior o acto de ver filmes e de recriar algumas das suas cenas. Crystal Moselle viu os seis irmãos na rua há cinco anos e tornou a sua história num filme. “A vida é surreal”, disse a realizadora ao receber o prémio. O público, por seu turno, escolheu Meru, de Jimmy Chin e E. Chai Vasarhelyi, sobre os alpinistas americanos que tentam escalar uma montanha nos Himalaias.

O melhor documentário estrangeiro foi The Russian Woodpecker, segundo o Grande Júri. Chad Gracia conta a história que associa o desastre de Chernobil e a revolução ucraniana e as tensões com a Rússia com a ajuda de artistas. “Não acredito que possamos parar a Rússia com bombas, mas penso que com um pouco de arte e verdade talvez possamos progredir um pouco”, disse o realizador, secundado por um apelo emotivo de um dos protagonistas do filme, citado pelo LA Times: “Quando o Kremlin atacou a Tchechénia, nada os parou. Quando o Kremlin atacou a Geórgia, nada os parou. Agora o Kremlin está a atacar a Ucrânia. Salvem a Ucrânia, por favor. Amanhã será demasiado tarde”, disse o jovem artista multimedia Fedor Alexandrovich.

Dark Horse, de Louise Osmond, foi a escolha do público de Sundance na categoria de documentário estrangeiro. A produção britânica trata de uma pequena aldeia galesa reunida em torno de um objectivo: criar uma raça de cavalos vencedora.  

O Festival de Sundance termina este domingo depois de terem sido exibidos cerca de 200 filmes. A programação completa pode ser consultada aqui, e o palmarés integral está disponível no site do festival

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