PS convida portugueses a participar no programa eleitoral

Gabinete de estudos do partido vai começar a preparar programa do Governo, que será apresentado até final a Primavera. Este sábado reúne a Comissão Nacional com as eleições primárias para a escolha de deputados na agenda.

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A Câmara de Lisboa, presidida por António Costa, acha que a transparência reduz a sua autonomia Rui Gaudêncio

O PS quer envolver a sociedade e contar com o seu contributo na elaboração do futuro programa eleitoral do PS, que será apresentado até ao final da Primavera. António Costa quer apresentar aos portugueses um programa eleitoral com “mais rigor, mais transparência e mais participação” e o partido vai desde já começar a trabalhar no documento com que se vai candidatar às eleições legislativas deste ano. O regulamento do gabinete de estudos foi aprovado esta quinta-feira pela Comissão Política (CP), que reuniu a primeira vez depois do congresso de Lisboa.

O ex-secretário de Estado da Justiça e da Presidência do Conselho de Ministros João Tiago Silveira será o coordenador do gabinete de estudos, que vai agora avaliar temas relevantes para a definição das propostas do PS , promover a elaboração de estudos científicos necessários à definição das posições e propostas do partido e realizar debates, reuniões e conferências para que a decisão política do PS seja informada.

Ao PÚBLICO, Tiago Silveira disse que as medidas concretas que constarão do programa eleitoral serão calendarizadas e os impactos e resultados esperados das políticas serão publicamente assumidos no documento. “O PS tem uma estimativa em relação ao resultado de algumas medidas nas áreas da economia, justiça, administração interna, por exemplo, e vai querer depois avaliar o seu impacto”, sustentou.

“Outra novidade” do programa é torná-lo “participativo, aproveitando propostas de cidadãos e colocando-as à votação”. Seguindo “os bons exemplos” dos orçamentos participativos, o PS quer os cidadãos a apresentar propostas concretas para o seu programa eleitoral. Algumas das áreas serão seleccionadas e o gabinete de estudos colocará à votação várias alternativas que se enquadrem nos princípios do PS para que os cidadãos possam escolher a que preferem, explicou João Tiago Silveira, frisando que as alternativas mais votadas serão incluídas no documento.

Os socialistas querem fazer um programa claro que explique e identifique, em linguagem clara e acessível ao cidadão, o que é diferente em relação ao PSD/CDS. Assim, identificará quais as diferenças entre as suas propostas políticas e as medidas que os dois partidos da coligação concretizarem no Governo.

Os contributos dos cidadãos serão feitos através da internet. “A ideia é utilizar os novos instrumentos de participação política e de abertura do PS à sociedade”, referiu ainda o ex-secretário de Estado.

Na reunião da Comissão Política do PS, António Costa rebateu as críticas que  são feitas em surdina à sua liderança, afirmando que tem havido oposição no dia-a-dia às iniciativas do Governo de Pedro Passos Coelho e apontou exemplos: a privatização da TAP, o caos nas urgências dos hospitais e o “brutal desinvestimento” na Base das Lajes anunciado pelo Departamento da Defesa dos EUA.

Uma das intervenções mais aplaudida da noite foi a de João Cravinho. O ex-ministro chamou a atenção para a particularidade histórica do momento no plano europeu e centrou grande parte da sua intervenção no resultado das eleições da Grécia: “As pessoas queriam uma alternativa e o Syriza prometia uma alternativa e isso representa um aviso sério” à União Europeia. Cravinho destacou o papel do Banco Central Europeu, afirmando que o BCE “está a reconhecer que a austeridade está a afundar a Europa - na realidade, se a Europa está como está a caminho da deflação deve-se à austeridade”.

Os socialistas reúnem-se este sábado em Setúbal e da agenda da Comissão Nacional do PS faz parte um conjunto de alterações estatutárias, uma das quais estende as eleições primárias à escolha dos candidatos a deputados. Um debate que se avizinha quente em ano de eleições legislativas.

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