Ministro diz que recrutamento de médicos não é questão de orçamento

Paulo Macedo garante que 700 mortos em urgências em Janeiro "nada tem de assustador".

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O ministro da Saúde visitou dois centros de saúde de Lisboa com horário prolongado devido ao surto de gripe Miguel Manso

O ministro da Saúde, Paulo Macedo, sublinhou neste sábado que o recrutamento de médicos para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem a ver com a escassez de profissionais em certas especialidades e não é uma questão orçamental.

Paulo Macedo salientou que "há claramente financiamento" para o recrutamento de médicos e explicou que "a questão é a escassez destes profissionais em certas especialidades".

Depois da visita de hoje a dois centros de saúde da região de Lisboa com prolongamento de horário aos dias de semana e ao sábado por causa do surto de gripe, o governante afirmou que, no ano passado, foram recrutados "todos os médicos de medicina geral e familiar disponíveis em Portugal".

Acompanhado pelo secretário de Estado Ajunto do ministro da Saúde, Leal da Costa, Paulo Macedo notou que não só se recrutaram médicos de medicina geral e familiar que "terminaram a especialidade" como se abriu "a possibilidade de quem está no sector privado poder vir para o público".

"Vamos fazer este ano novamente para diferentes especialidades hospitalares", garantiu o membro do Governo, acrescentando que se preconiza o recrutamento de "todos aqueles que há necessidade no SNS", como, por exemplo, "radiologistas e anestesistas".

O ministro da Saúde referiu ainda que "é para manter" o prolongamento do horário dos centros de saúde, das 20h às 22h nos dias de semana e das 10h às 14h aos sábados.

"Para já, estamos satisfeitos, não estamos nada arrependidos", disse, garantindo que o alargamento extraordinário se prolongará "até final de Fevereiro".

Nas visitas realizadas hoje à Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados, em Linda-a-Velha, e ao Centro de Saúde de Alcântara, o número de utentes foi muito escasso, porém Paulo Macedo afirmou que, no agrupamento, foram observadas "cerca de 160 pessoas durante a semana".

"O que entendemos é que há um conjunto potencial dessas pessoas que iriam à urgência [hospitalar]", frisou o ministro, observando que, "independentemente de haver mais ou menos pessoas ou por simplesmente termos uma mudança total daquilo que é o surto da gripe, assume-se este custo, o que interessa é servir as pessoas".

O alargamento de horário em centros de saúde foi implementado na região de Lisboa e Vale do Tejo, "com uma oferta de fim-de-semana de mais de 2000 consultas", e em algumas unidades no Norte e Centro.

"Houve outras administrações regionais de saúde, nomeadamente no Alentejo e Algarve, que acharam que não era preciso ter prolongamento", disse.

O ministro da Saúde recusou ainda considerar assustador o registo da Direcção-Geral da Saúde (DGS) de ocorrência de 700 mortos nos primeiros 20 dias de Janeiro nas urgências dos hospitais públicos e explicou que, "em todo o mundo", o registo de mais óbitos em hospitais "é na urgência".

"Todos os anos, temos um grande número de óbitos nas urgências. A seguir à área dos cuidados intensivos, em todos os hospitais de todo o mundo, a área em que há mais óbitos é na urgência", frisou.

No entender do responsável pela pasta da saúde, "há uma alteração de hábitos culturais", porque se constata que "há mais pessoas que vão falecer hoje em dia aos hospitais, não é só uma questão de os cuidados de saúde serem melhores e haver uma maior oferta".

"Há um conjunto de pessoas que, antes, quando as suas condições clínicas não justificavam, queriam estar em casa e, hoje em dia, mesmo que as suas condições não indiquem grande necessidade de um recurso ao hospital, prefere a sua família ter um enquadramento de âmbito clínico. Esse padrão acontece em todos os hospitais", afirmou.

Sem elementos sobre as causas dos óbitos, os dados da DGS, que não permitem saber se os doentes morreram antes ou depois de serem observados por um médico, indicam que, em 2014, morreram 9429 pessoas nas urgências dos hospitais públicos, quando o registo de 2013 foi de 9213.

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