Inspectores do SEF denunciam falta de pessoal para atribuir vistos gold

Sindicato diz que o regime de atribuição dos vistos está também fragilizado pela falta de formação específica para os inspectores que só podem agir como administrativos e não como polícias nestes procedimentos.

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ENRIC VIVES RUBIO

A falta de pessoal e a sobrecarga de trabalho é uma das principais fragilidades apontadas pelos inspectores no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) nos processos de atribuição dos vistos gold

        Dois dias depois de um alerta sobre o risco de jihadistas pretenderem raptar e executar elementos da Polícia Nacional espanhola ter sido notícia em Madrid, o aviso chega agora a agentes da PSP, em Portugal. O Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol) começou ontem a difundir um alerta com recomendações aos agentes seus associados. Mas, apurou o PÚBLICO, junto de várias fontes policiais, um alerta informal sobre esta situação está também a ser passado de boca em boca entre a maioria dos agentes de Lisboa.

“Fomos informados desta situação pelos nossos colegas dos sindicatos de polícia em Espanha. Mais vale prevenir do que remediar e Espanha é mesmo aqui ao lado. Por isso, preferimos emitir recomendações”, disse o presidente do Sinapol, Armando Ferreira.

O dirigente justificou ainda o aviso remetendo para as declarações recentes do novo director do Serviço de Informações de Segurança (SIS), que alertou que Portugal não está imune à ameaça jihadista. Contudo, a ministra da Administração Interna, Anabela Rodrigues, garantiu na quarta-feira que “não houve nenhuma alteração do estado de alerta em Portugal ou nenhuma situação de urgência”.

De acordo com o presidente do Sinapol, do alerta do sindicato constam três recomendações aos agentes: “Mesmo não estando de serviço, passem a andar sempre com a arma”; “Todos os elementos, mesmo os impedidos [de usar arma neste momento] e os que trabalham em funções administrativas, devem passar a estar acompanhados sempre pela arma de serviço”; e “Quando não estão de serviço, os agentes não se devem identificar como polícias”.

As recomendações são semelhantes às emitidas por sindicatos de polícia em Espanha e que circulam entre agentes da Polícia Nacional e da Guardia Civil. Os alertas no país vizinho remetem ainda para o risco de uma organização terrorista pretender gravar em vídeo a execução de agentes da polícia, noticiaram vários jornais espanhóis. “As advertências dos polícias fazem referência ao perigo real de sequestros”, noticiou na terça-feira o diário El Confidencial.

Os avisos em Espanha, país onde o Governo mantém o nível 3 de alerta antiterrorista, segundo o mesmo jornal, começaram a circular há uma semana e meia, depois do atentado ao jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris.

Em Portugal, a segurança das instalações da Unidade Especial de Polícia (UEP), de que fazem parte as subunidades de elite da PSP, nomeadamente o Corpo de Intervenção, já foi reforçada. Desde sexta-feira da semana passada que os seus quartéis em Lisboa, Porto e Faro passaram a ter o dobro dos agentes a garantir a segurança de noite e dia. Estes passaram também a usar nessas funções, obrigatoriamente, coletes à prova de bala e metralhadora. Contactados pelo PÚBLICO, agentes da UEP mostraram confiança de que este nível de segurança na unidade é suficiente para qualquer eventualidade.

Fontes da UEP garantiram ainda que todos os veículos que entram nestes quartéis são agora alvo de inspecção por cães-polícias para serem detectados eventuais explosivos.

Ainda de acordo com essas fontes, a ordem para este reforço de segurança terá partido da Direcção Nacional da PSP na sequência do ataque terrorista em Paris e da grande operação policial que desmantelou uma célula jihadista na Bélgica. O PÚBLICO tentou, sem sucesso, contactar ao início da noite de ontem a Direcção Nacional da PSP.

Na origem deste reforço está a necessidade de proteger a principal unidade policial de resposta urbana a ataques terroristas, assim como os seus meios e armamento.

Também junto das embaixadas em Lisboa a segurança foi reforçada, tendo a PSP aumentado os efectivos, nomeadamente junto da embaixada de Israel e de França e da sinagoga da capital. Nestes locais há também a proibição de filmar e de fotografar.     

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