Lagarde diz que plano do BCE “já teve efeitos”

Directora-geral do Fundo Monetário Internacional não tem dúvidas de que o programa de compra de activos, que deverá ser anunciado nesta quinta-feira, vai resultar.

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Plano do BCE já teve efeitos na zona euro, disse Lagarde Ruben Sprich/Reuters

Christine Lagarde, directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), não tem dúvidas de que o programa de compra de activos (quantitative easing) que o Banco Central Europeu (BCE) deverá anunciar nesta quinta-feira vai trazer vantagens para as “economias emergentes” da Europa, sobretudo na zona euro.

Em Davos, Lagarde sentou-sena manhã desta quinta-feira à mesa numa conferência onde se discutiu o futuro do sistema financeiro global. A directora-geral do FMI acredita que o plano “vai resultar na Europa e até certo ponto podemos dizer que já funcionou”, com os mercados a fazer descer o valor do euro, antecipando a medida do BCE, cujo objectivo é combater a deflação na zona euro.

Ao seu lado, Larry Summers, antigo secretário do Tesouro norte-americano, defendeu que a deflação e a estagnação “são as maiores ameaças macroeconómicas do nosso tempo”. Concordou com a afirmação de Lagarde de que o programa de compra de activos do BCE já teve um “impacto significativo”, mas lançou um alerta. “É isso que me preocupa. O quantitative easing (QE) não é uma panaceia nem será suficiente”, afirmou.

Larry Summers sublinhou, em seguida, que há várias diferenças entre a experiência europeia e a americana neste tipo de medidas. Nos EUA “funcionou bem”, porque foi adoptado lado a lado com os mercados financeiros e não esteve “envolto em processos regulatórios”, como se passa na Europa. “Temos de ir para outras estratégicas, como medidas no sector bancário, reformas estruturais, embora as que tenham sido levadas a cabo estejam mais do lado da oferta e não da procura”, defendeu.

“Alguém pensa que a Europa tem uma base para crescer se a estratégia é o QE e mais reformas estruturais aos países do Sul?”, questionou, sublinhando que o QE é necessário, mas “não suficiente”.

Ray Dalio, presidente da Bridgewater Associates, considerado uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, defendeu uma maior “depreciação monetária na Europa”, a par das medidas de austeridade. “O custo médio de um trabalhador do Sul da Europa é o dobro do de um trabalhador americano e isso também terá de ser sujeito a reformas”, disse.

Mais tarde, e comentando uma intervenção de Ana Botín, presidente do Santander — que lembrou que, além das medidas macroeconómicas, é essencial reestabelecer a confiança —, falou sobre o “risco dos políticos extremistas”. “São a maior ameaça para a Europa. O desemprego jovem é de 50% em Itália e Espanha, uma geração perdida. São precisas medidas efectivas para travá-lo ou haverá extremismo”, defendeu.

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