A cimeira dos aflitos ganha forma

O Syriza ainda não venceu as eleições na Grécia, mas já conseguiu uma primeira vitória.

A coligação de esquerda radical continua à frente nas sondagens para as eleições legislativas gregas que se irão realizar a 25 de Janeiro. Mesmo tendo mais votos, o Syriza não tem garantia de conseguir formar governo, já que para tal precisa de formar alianças, um cenário difícil de se concretizar. Mas mesmo que não consiga ser eleito primeiro-ministro, Alexis Tsipras parece estar à beira de conseguir uma grande vitória.

Entre as várias e polémicas (e algumas irrealistas) propostas que fazem parte do seu manifesto eleitoral, o Syriza lançou a ideia para realização de uma cimeira europeia para discutir o problema da eventual reestruturação da dívida grega, bem como a de outros países (como Portugal) que nesta altura enfrentam um fardo de dívida difícil de comportar.

A primeira reacção dos líderes europeus a esta ideia for um torcer de nariz diplomático, mas à medida que se aproxima a data das eleições vão surgindo mais vozes a defender a cimeira de Tsipras. É o caso de Michel Sapin, ministro das Finanças francês, que, a propósito desta cimeira, veio dizer que “é absolutamente legítimo que possa haver discussões entre a União Europeia e o novo Governo grego”.

E esta proposta do Syriza também já tinha contado com o respaldo do ministro das Finanças irlandês, e mesmo Christine Lagarde, que esta segunda-feira veio alertar para os perigos de uma reestruturação unilateral da dívida, também concordou que “as abordagens colectivas são sempre boas ao nível europeu”.

A acontecer esta cimeira, que vai ser uma espécie de cimeira dos aflitos, será uma vitória para Alexis Tsipras e para todos aqueles que defendem que níveis de endividamento de 177% do PIB condenam qualquer país a um colete-de-forças orçamental que dificilmente libertará meios suficientes para pagar essa mesma dívida.

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