Morreu Tony Verna, inventor das repetições televisivas

Responsável pela transmissão do Live Aid morreu de leucemia, aos 81 anos.

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Tony Verna RogDel/CC-by

Há cinquenta anos, a televisão era radicalmente diferente e não apenas por ser, sobretudo, a preto e branco: uma das características das transmissões ao vivo era que não tinham repetições. Se um espectador não visse um golo, não havia uma repetição imediata das imagens. Isso começou a mudar em 1963, quando o americano Tony Verna criou a primeira repetição instantânea, num jogo de futebol americano entre as academias do Exército e da Marinha dos EUA, transmitido pela estação CBS.

Verna, também conhecido por ter produzido a transmissão dos Jogos Olímpicos de 1984 e dos concertos Live Aid, no ano seguinte, morreu neste domingo, de leucemia, aos 81 anos, na sua casa, na Califórnia.

Em Dezembro de 1963, o então director da CBS causou surpresa ao decidir usar uma cassete para gravar a marcação de um ponto da equipa do Exército e repeti-la logo de seguida, durante a transmissão ao vivo. O conceito obrigou o comentador a avisar os telespectadores: “Isto não é ao vivo! Senhoras e senhores, o Exército não voltou a marcar!”. A técnica viria a tornar-se obrigatória nas transmissões desportivas.

“Não há muitas coisas que se façam na vida e que consigam mudar a forma como as coisas aconteciam”, afirmou mais tarde Verna, citado pelo jornal The Guardian. “Eu queria mostrar o que tinha acontecido instantaneamente e não esperar até ao intervalo”. A ideia, explicou ainda, era também ocupar os momentos mais aborrecidos dos jogos. 

Ao longo da carreira, Verna dirigiu várias transmissões de larga, entra as quais várias Super Bowls (a principal competição de futebol americano nos EUA) e a oração do Papa João Paulo II pela paz no mundo.

Já em 2007, patenteou uma aplicação para mostrar num computador ou dispositivo móvel, de forma esquemática e em tempo real, a evolução de um jogo de futebol americano. Chamada InstantFootballer, não recorre à captação de imagens através da câmara. Em vez disso, o sistema segue a bola e mostra a respectiva posição no campo, a cada momento. O objectivo, explicou Verna, era fazer com que a audiência jovem, pouco interessada em passar um longo período de tempo frente a um televisor, pudesse seguir um jogo enquanto continuava a usar o computador ou telemóvel para outro tipo de tarefas.

 

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