Espera de três horas nas urgências não matou paciente, assegura hospital

“Agravamento súbito de doença com vários dias de evolução tornou impossível qualquer procedimento em tempo útil que evitasse a morte”, refere administração do Garcia de Orta, em Almada.

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JOAO CORTESAO/arquivo

O inquérito aberto pelo Hospital Garcia de Orta, em Almada, para determinar as causas da morte de um sexagenário nas urgências no dia 11 de Janeiro concluiu que não foram determinantes para o óbito as três horas de espera do paciente.

Segundo um comunicado da administração da unidade hospitalar, o doente padecia de uma doença grave, com vários dias de evolução, “e o seu agravamento súbito, pelo carácter fulminante, tornou impossível qualquer procedimento em tempo útil que evitasse a morte”. O hospital assegura terem sido prestados todos os cuidados que numa situação deste tipo são considerados adequados.  “O tempo de espera não influenciou o desfecho final, nem influenciaria mesmo que, em vez de ter esperado três horas, tivesse esperado apenas uma”, frisa o conselho de administração, que diz lamentar profundamente o sucedido.

O resultado do inquérito foi, mesmo assim, enviado ao Ministério Público,  bem como à Inspecção-Geral de Saúde, à Entidade Reguladora da Saúde, à Ordem dos Médicos e à Ordem dos Enfermeiros, entidades com competências judiciais, no primeiro caso, e inspectivas, nos restantes.

Foi a quinta morte nas urgências em apenas três semanas que levantou suspeitas de falta de assistência médica atempada. O homem de 60 anos passou pela triagem, onde recebeu uma pulseira amarela, acabando  por morrer com um enfarte. O caso foi denunciado pela Ordem dos Médicos. As mortes de uma mulher de 79 anos e de três homens de 57, 77 e de 80 anos nos hospitais de Setúbal, Peniche, Santa Maria da Feira e São José também foram alvo de investigação.  O PÚBLICO tentou saber o resultado destas diligências em S. José, onde a seguir ao Natal um octogenário terá estado seis horas à espera de ser atendido, após o que foi encontrado morto numa maca pelo filho. Mas não obteve qualquer resposta por parte da unidade hospitalar.

 

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