Políticos devem "rejeitar todas as formas de corrupção", diz o Papa nas Filipinas

Sábado Francisco visita a cidade destruída pelo furacão Haiyan e, no domingo, celebra uma missa campal em Manila.

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Francisco foi ao palácio presidencial dizer a Aquino para combater a corrupção GIUSEPPE CACACE/AFP

É hábito do Papa Francisco adequar a sua mensagem ao lugar que visita. Nesta sexta-feira, disse ao Presidente das Filipinas, Benigno Aquino, para se empenhar no combate à corrupção, de forma a acabar com as "escandalosas" desigualdades sociais no país.

O Papa Francisco pediu aos líderes filipinos para combaterem a corrupção e porem fim às "escandalosas" desigualdades sociais.

Nas Filipinas, a corrupção é endémica e atravessa todos os sectores da economia, da administração pública e do sistema judicial, através de aliciamentos, subornos, desfalques, negócios paralelos, nepotismo e favorecimento. Em 2008, o Banco Mundial considerou este país o caso mais grave de corrupção na Ásia e, na última tabela do Índice de Transparência, que lista 176 países, as Filipinas estão em 85.º lugar.

"Hoje, mais do que nunca, é necessário que os líderes políticos sejam honestos, íntegros e comprometidos com o bem comum", disse o Papa na cerimónia no Palácio de Malacanang. Porque, acrescentou, é um dever cristão "acabar com a injustiça e a opressão que dá origem à escandalosa desigualdade social". Os líderes, pediu o Papa, devem "rejeitar todas as formas de corrupção que desviam os recursos [que deveriam beneficiar] os pobres" e devem lutar pela inclusão.

Aquino respondeu ao Papa dizendo que a Igreja Católica filipina pouco faz para denunciar a corrupção. "É um verdadeiro teste à fé vermos os membros da Igreja, que em tempo foram os defensores do povo, dos marginalizados, dos desprotegidos, manterem o sillêncio perante os abusos que estamos a tentar combater". Aquino tem denunciado a Igreja por criar resistências a algumas das reformas que quer fazer e por o criticar publicamente, mesmo em assuntos marginais. "Um prelado chegou a criticar-me por ter tratado do meu cabelo, como se fosse um pecado mortal", disse o Presidente ao Papa.

Ao clero local, Francisco também passou uma mensagem, durante a missa que se seguiu e foi celebrada na Catedral da Imaculada Conceição: disse que os membros da Igreja Católica filipina têm que "reconhecer e combater as causas da muito enraizada desigualdade na sociedade".

O ponto alto da visita do pontífice ao país mais católico da Ásia (mais de 80% da população) será no domingo, com uma missa campal em Manila, onde são esperados muitos milhões de pessoas.  

Diz a BBC que se vive na capital um ambiente festivo, tendo todos os dias da visita papal sido declarados feriados na cidade (o Papa chegou na quinta-feira e regressa ao Vaticano na segunda). Porém, as medidas de segurança são muito apertadas e há milhares de soldados na patrulha das ruas. Houve tentativas de assassínio a dois Papas que visitaram o país anteriormente: em 1970, um artista boliviano tentou apunhalar Paulo VI quando este chegou ao aeroporto e, 25 anos depois, João Paulo II escapou a um atentado à bomba em Manila.

Antes da grande missa campal, no sábado, o Papa desloca-se a Tacloban, a cidade mais devastada pelo furação Haiyan (2013) e encontra-se com sobreviventes. Só ali, o furacão matou 7000 pessoas.

 

 

 

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