Deputados vão ouvir Rui Machete sobre redução de pessoal nas Lajes

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Base das Lajes

Os deputados da comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros aprovaram por unanimidade a audição do ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, sobre a decisão dos Estados Unidos de reduzir pessoal na base das Lajes, Açores.

A audição do governante, ainda sem data marcada, foi pedida pelo PSD e pelo PCP e contou com os votos favoráveis de todos os grupos parlamentares. Os sociais-democratas propuseram ainda que seja ouvido o embaixador dos Estados Unidos em Portugal, Robert Sherman, que foi igualmente aprovada.

Na semana passada, os Estados Unidos anunciaram a redução gradual dos trabalhadores portugueses da base das Lajes de 900 para 400 pessoas ao longo deste ano, e dos civis e militares norte-americanos de 650 para 165, prevista num relatório sobre a reorganização das forças militares norte-americanas, que foi apresentado em Lisboa pelo diplomata Robert Sherman.

O deputado do PSD António Rodrigues afirmou que a decisão dos EUA "apanhou as autoridades portuguesas de surpresa" e defendeu a necessidade de discutir as consequências "humanas, económicas e estratégicas".

Para o PSD, importa perceber quais são as intenções dos norte-americanos sobre a continuidade da base na ilha Terceira e avaliar o impacto sobre a economia local.

O comunista António Filipe sustentou que o ministro Rui Machete deve explicar no parlamento quais são as diligências que estão a ser desenvolvidas pelo Governo português e que contrapartidas "é possível obter junto dos Estados Unidos que possam compensar os trabalhadores que venham a perder o seu emprego e também a economia" da região.

Pelo PS, Paulo Pisco manifestou preocupação com a consequência económica e social da medida, mas também pelas relações com os Estados Unidos, que são "um dos principais aliados" de Portugal, defendendo a necessidade de "uma cooperação que seja vantajosa em ambos os sentidos".

O deputado centrista Filipe Lobo d'Ávila disse acompanhar as preocupações do PSD, parceiro da coligação no Governo, e salientou que o requerimento apresentado pela bancada comunista "é um documento com um cariz histórico bastante relevante sobre o que é o pensamento do PCP sobre a base das Lajes".

António Filipe respondeu "à pequena picardia" lançada pelo deputado do CDS dizendo que o PCP não se congratula por haver "uma situação de dependência da economia da ilha Terceira da presença de uma base militar" dos Estados Unidos, de cuja política externa os comunistas discordam.

No entanto, a posição do PCP seria a mesma em relação a qualquer outro país, "mesmo a Rússia ou a China", disse. Os comunistas também propuseram a audição do ministro da Economia na comissão de Economia, para discutir os impactos económicos.

Rui Machete manifestou o "forte desagrado" pela "decisão unilateral" da administração norte-americana, considerando que o impacto económico e social na ilha Terceira é "especialmente preocupante" e que as alternativas sugeridas até agora não conseguem mitigar as consequências.

Numa nota divulgada na quinta-feira passada, o ministério liderado por Rui Machete afirma que o Governo vai fazer uma "análise detalhada desta decisão e de todas as suas possíveis implicações".

O chefe da diplomacia portuguesa avisara dois dias antes que as relações entre Portugal e os Estados Unidos poderiam ser prejudicadas em caso de um desfecho negativo sobre a utilização da Base das Lajes, quando intervinha na sessão de abertura do seminário diplomático, em Lisboa.

As autoridades locais estimam que a diminuição da presença norte-americana na base represente uma redução de 10% a 15% no Produto Interno Bruto dos Açores e de 30 a 40 milhões de euros na economia da ilha Terceira.

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